Marcelo Ádams

Marcelo Ádams

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Corte seco

Corte seco é o típico espetáculo que retrata uma época, e isso é um elogio. A forma dramática elíptica, saltadora, imprecisa, é a cara do século XXI. Não sei o que dirão os historiadores do teatro daqui a 50 anos, mas hoje, em 2010, sinto que a forma encontrada pela diretora Christiane Jatahy é a que melhor transmite os dias que vivemos. Dramatículas (drama + partículas) se sucedem, mostrando trechos mais ou menos acabados, provenientes de relatos pessoais dos atores, notícias de jornal, improvisações, etc. O resultado é muito estimulante, vivo, inesperado às vezes. A sensação de insegurança é também presente para os atores, imagino, o que faz com que estejam muito mais "ligados" o tempo inteiro. Certo, nem todas as micro-cenas funcionam à perfeição, mas, por outro lado, algumas são realmente tocantes. Há coisas muito engraçadas, também.
Não há como definir o que é Corte seco, sem se alongar em descrições e teorizações. Mas isso não é necessário para fruir a encenação. Os atores são, quase que unanimemente, excelentes, com um tempo de improviso e de reação admiráveis. Acho que essa é a cara do século XXI que eu mais admiro, não aquela da tecnologia infindável. Gosto de ver as coisas, cada vez mais, nas mãos de bons atores e de boas histórias (fragmentadas, elípticas, ou não).
Só para falar algo mais concreto: as histórias, como não poderia deixar de ser, falam de relações entre pessoas (sexuais, parentais, fracassadas quase sempre). Nós, nos anos 2000, falamos disso sem pudores, e isso é bom.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. E aì Marcelo! Bom compartilho sua opnião sobre a peça, mas me pergunto ainda sobre q ponto o improviso pode ser medido, se em algum momento alguém da platéia quisesse realmente assimir o lugar de um dos atores, ou se durante as saidas aparecessem fãs do eduardo ou acontecesse algo realmente fora do previsto. Tlvz pelas espectativas q a peça oferecia meio q acabei esperando muito do meio pro final o q pra mim foi foi mais contido, mas sei lá acho q era essa msm a linguagem da peça. Assim como o nome "Corte Seco", que na minha visão seria algo mais ríspido coisa q em momento algum a diretora Christiane Jatahy foi., o legal q depois de assistir a peça quase q o elenco todo esta na festa da Sated. e pelo menos pra mim era como se a peça ainda continuasse e eu estivese fazendo uma participação a convite de uma das atrizes a Stella,e interagindo de uma outra forma com a Marjore e o Eduardo até um momento aonde houve o corte seco!

    Abraço.


    Ps.: Começei a escvrever a peça "O Técnico da Casa" fiz uma estrutura basica pra sequencia dos textos, Já percebi q vou ter dificuldades pra pasa-los pra linguagem teatral, mas estou bastante animado.

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