Marcelo Ádams

Marcelo Ádams

domingo, 20 de outubro de 2019

UMA SOMBRA NA ESCURIDÃO NO MATO GROSSO DO SUL

Que satisfação a de ter minha peça Uma sombra na escuridão encenada em Dourados (MS)! A Cia. Última Hora, encabeçada por Marcos Chaves e Ariane Guerra - ambos professores na graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) -, realizará a estreia do espetáculo nesta semana. O mais legal é que o trabalho é uma associação entre docentes e discentes da UFGD: três alunos realizam seus TCCs com suas pesquisas para este espetáculo. O Markito e a Ariane são velhos conhecidos dos palcos de Porto Alegre, pois ambos atuaram por aqui durante vários anos, antes de se mudarem para o Centro-Oeste e iniciarem suas carreiras na UFGD.
Só pra contextualizar: Uma sombra na escuridão é uma comédia que escrevi, em 2003, para brincar com algumas das referências mais expressivas do cinema noir estadunidense, ou seja, aqueles filmes policiais produzidos nos EUA, principalmente nas décadas de 1940 e 1950, que traziam, por sua vez, uma estética que propunha um jogo criativo entre luzes e sombras na concretude do espaço ficcional da tela, herdada do cinema expressionista alemão. Esse desembarque de uma visualidade fílmica expressionista alemã se deveu à migração forçada de cineastas germânicos para Hollywood, em fuga do nazismo europeu. 
Na minha peça, ambientada na Nova York dos anos 1950, uma história de crimes e detetives particulares reticentes se mescla a uma trama que trata do distúrbio de dupla personalidade de uma das personagens e do anseio de um ator para estudar no Actor's Studio, coração do "método" de interpretação stanislavskiano - uma escola que formou estrelas como Marlon Brando e Marilyn Monroe. Utilizei essa massa de referências para estruturar uma comédia que flerta com o non sense e que, na encenação da Cia. Última Hora, teve outros desdobramentos, segundo me informou o diretor Marcos Chaves: o peso da televisão como veículo de comunicação de massa parece ter sido um deles.
Merda para a companhia!

sábado, 14 de setembro de 2019

HAMLET SINCRÉTICO: EM BUSCA DE UM TEATRO NEGRO

Neste 13 de setembro foi lançado no Centro Municipal de Cultura de Porto Alegre o livro Hamlet Sincrético: Em busca de um teatro negro, organizado por Jessé Oliveira e Vera Lopes. O volume de 180 páginas, repleto de belas imagens da encenação conduzida por Jessé, estreada em 2005, traz depoimentos da equipe do espetáculo e de algumas dezenas de homens e mulheres convidados para escreverem sobre o impacto gerado pelo importante trabalho do Grupo Caixa-Preta. Estive lá recebendo meu autógrafo da dupla de organizadores, feliz com a inclusão do meu texto "Outros sincretismos" no livro.
Acompanho a trajetória do Caixa-Preta desde seu início, em 2003, com o espetáculo Transegun. Aqui em meu blog comentei o espetáculo O osso de Mor Lam, em uma postagem de maio de 2010:
http://marceloadams.blogspot.com/2010/05/o-osso-de-mor-lam.html

NOSSO ESTADO DE SÍTIO VENCE O FESTIVAL ESTADUAL DE TEATRO DE GRAVATAÍ


O espetáculo Nosso Estado de Sítio, criado na graduação em Teatro: Licenciatura da Uergs em Montenegro, foi premiado como o Melhor Espetáculo no 5º Festival Estadual de Teatro de Gravataí, no dia 30 de agosto. Além desta categoria, recebeu também os prêmios de Melhor Direção, para o professor Marcelo Ádams; Melhor Trilha Sonora, para o Coletivo UAU (União de Artistas da Uergs); e Prêmio Especial do Júri Oficial, pela pesquisa cênica, atuação e concepção do espetáculo.
Encenado pelo coletivo UAU (União de Artistas da Uergs), o espetáculo nasceu no componente curricular Oficina Montagem II, ministrado pelo professor Marcelo Ádams e tem a equipe toda formada por estudantes da Universidade. O texto da peça se baseia na obra do escritor francês Albert Camus para discutir temas atuais como democracia, direitos humanos e banalização da violência.
A encenação vem se destacando em eventos culturais de âmbitos estaduais e nacionais: em janeiro deste ano, foi o único espetáculo teatral do Rio Grande do Sul convidado pelo Itaú Cultural a se apresentar no evento a_ponte – Cena do Teatro Universitário, que acontece na cidade de São Paulo, junto a outros treze espetáculos de todas as regiões do Brasil. Em março, o espetáculo foi selecionado por edital público para realizar apresentações no Projeto Novas Caras da Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre.
A direção é de Marcelo Ádams. No elenco atuam Bruno Marques, Charlene Uez, Felipe Vigel, Jocteel Salles, Lucas Peiter, Marcelo Ádams, Paula Silveira, Savana Flores e Rodrigo Waschburger. A iluminação é de Bruna Johann e a contrarregragem é de Rafaela Fischer. Nosso Estado de Sítio realizará outras apresentações no Rio Grande do Sul ainda neste ano de 2019.

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

O POLVO RECEBEU 4 PRÊMIOS NO FESTCARBO

O espetáculo teatral O polvo, escrito e dirigido por mim, com alunos e alunas da graduação em Teatro: Licenciatura da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, participou de mais um festival de teatro. Desta vez, apresentamos na cidade de Arroio do Ratos/RS, no 14º Festcarbo- Festival de Teatro da Região Carbonífera, realizado entre os dias 12 e 17 de agosto de 2019. O evento é uma iniciativa da Cia. Teatral do Carvão, da Prefeitura Municipal de Arroio dos Ratos, do Museu Estadual do Carvão, da Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul e do Instituto Estadual de Artes Cênicas. 
A comissão avaliadora do festival foi formada por Jackson Tea, Jacqueline Pinzon e Lisinei Dieguez, com mediação de Mauro Soares. Voltamos de Arroio dos Ratos com quatro prêmios: Melhor Espetáculo pelo Júri Popular, Melhor Texto Original (Marcelo Ádams), Melhor Ator Coadjuvante (João Pedro Corrêa) e Melhor Iluminação (Rodrigo Waschburger e Tiago Bayarri).
 

segunda-feira, 1 de julho de 2019

O POLVO RECEBEU 3 PRÊMIOS NO FESTIVALE

De 24 a 30 de junho aconteceu, na cidade de Rolante/RS, o XXVI FESTIVALE- Festival de Teatro do Vale do Paranhana. Trata-se do mais antigo festival de teatro em atividade no Rio Grande do Sul, que reúne em sua competição espetáculos das categorias teatro infantil e teatro adulto, gaúchos ou de fora do Estado. Participamos da competição adulta no dia 27 com o espetáculo O polvo, escrito e dirigido por mim, trabalho criado em uma disciplina da graduação em Teatro: Licenciatura da Uergs, onde sou professor, e que nesse mês de junho cumpriu temporada no Projeto Novas Caras da Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre. O resultado em Rolante foram 10 indicações e três troféus recebidos: Melhor Figurino e Melhor Cenografia, ambos recebidos pelo conjunto do Coletivo Po(l)vo do Teatro, e Melhor Direção, assinada por mim.
Os avaliadores - Vika Schabbach, William Molina e Dionatan Rosa - e o mediador, Mauro Soares, além de toda a equipe do festival, foram muito amáveis e nos receberam com carinho e atenção. Foi uma boa experiência, para mim e meus alunos, além de, pela primeira vez, ter sido premiado por um trabalho de direção, pois os prêmios que recebi até hoje em teatro sempre estiveram relacionados ao meu trabalho como ator. Que venham outros festivais!

quinta-feira, 13 de junho de 2019

UMA SOMBRA NA ESCURIDÃO NO MATO GROSSO DO SUL

O Marcos Chaves e a Ariane Guerra, que atuaram em diferentes funções nos palcos gaúchos há alguns anos, e que são atualmente professores do curso de Artes Cênicas da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), resolveram encenar um texto meu chamado Uma sombra na escuridão, comédia policial que brinca com os clichês de filmes de detetives particulares dos anos 1940 e 1950. Juntamente com alunos e alunas da UFGD, criaram um financiamento coletivo no Catarse, para viabilizar a montagem. Estou bem contente com a iniciativa da Cia. Última Hora de Dourados/MS, de concretizar esse texto que gosto tanto. Merda!

terça-feira, 4 de junho de 2019

O POLVO NO PROJETO NOVAS CARAS


O polvo, espetáculo teatral escrito e dirigido por mim, é formado por oito cenas que tratam de temas desconcertantes e provocativos. Expondo os afloramentos e os subterrâneos da vida em sociedade, aborda temas duros como violência contra mulheres, pedofilia, incesto, eutanásia, mas também há espaço para tratar de relacionamentos homoafetivos, empoderamento feminino e relações intrafamiliares. O espetáculo pode ser lido por meio da imagem metafórica do polvo, animal dotado de oito tentáculos cujas ventosas se agarram aos objetos que deseja alcançar. A exemplo de um polvo, a encenação também propõe breves e intensas experiências aos espectadores-testemunhas, que são tocados pela contundência emocional de cada cena e confrontados com a urgência dos temas apresentados: violências físicas e emocionais com as quais se deparam as personagens. 
 A trilha sonora do espetáculo foi criada especialmente para a encenação e é executada ao vivo pelo elenco, que ocupa o espaço cênico de forma a ficarem próximos aos espectadores, enfatizando a sutileza dos trabalhos de atuação.
 O polvo, que será apresentado em Porto Alegre no Projeto Novas Caras da Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre, foi criado na graduação em Teatro: Licenciatura da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs), sediada na cidade de Montenegro/RS. A dramaturgia e a direção do espetáculo são de Marcelo Ádams e o elenco é formado por alunos e alunas da universidade. Estão em cena: Ândy, Caroline Costa, Denise Cruz, Eduardo Fronckowiak, Evandro Samuel, Gabriele Manteze, Jaqueline Mayer, João Pedro Corrêa, Luana Corrêa, Maria Carolina Aquino, Mari Mü, Matheus Ramires, Tiago Bayarri e Yuri Niederauer. As fotos são de Victória Sanguiné e de Gabriele Manteze.



Serviço

O polvo – espetáculo teatral

Local: Sala Álvaro Moreyra (Av. Erico Verissimo, 307, Porto Alegre/RS)

Datas: Dias 4, 11, 18 e 25 de junho, sempre às terças-feiras

Horário: 20 horas

Duração: 70 minutos

Classificação indicativa: 14 anos

Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada para estudantes, classe artística e sêniores)

segunda-feira, 11 de março de 2019

NOSSO ESTADO DE SÍTIO EM PORTO ALEGRE

A graduação em Teatro: Licenciatura da Uergs (Universidade Estadual do Rio Grande do Sul), ofertada na cidade de Montenegro, traz em seu currículo duas disciplinas que intentam integrar os conhecimentos adquiridos pelos alunos e alunas até o momento em que são oferecidas no currículo: Oficina Montagem I e Oficina Montagem II, respectivamente pertencentes à grade do quinto e do sexto semestres. Disciplinas com carga horária elevada, 12 créditos cada uma, o que significa três encontros semanais de mais de 3h30min cada um, propõem a criação de um espetáculo teatral, no qual discentes atuam e o docente responsável dirige/orienta a encenação. Com ementa aberta o suficiente para permitir as mais variadas propostas estéticas, a tendência dominante nas ocasiões em que tais disciplinas são ministradas é, por parte de quem a coordena, exercer a escuta no momento em que se iniciam os trabalhos no semestre. Por escuta me refiro a estar aberto e atento não apenas às sugestões, desejos, sonhos de alunos e alunas, que prolificamente trazem suas ideias sobre o que se deveria encenar; mas também a escuta do mundo, do meio em que vivemos, dos assuntos, questionamentos, incertezas, medos, indignações, etc., que formam a base do trabalho em teatro. É para o mundo que precisamos olhar quando decidimos que devemos usar o teatro para falar sobre isso ou aquilo. Olhando para o mundo, olhamos para dentro de nós, e vice-versa: o mundo está em nós, e nós no mundo. 
No primeiro semestre de 2018, o grupo envolvido com a disciplina Oficina Montagem I, ministrada pela professora Tatiana Cardoso, decidiu que trabalharia tendo por base o texto dramático Estado de sítio, escrito em 1948 pelo dramaturgo Albert Camus (1913-1960), francês nascido na Argélia. Em junho, ao final do semestre, foi apresentado o resultado, chamado pela equipe de “em processo”, pois surgiu a proposta, oriunda dos alunos, de dar continuidade à investigação cênica desenvolvida naqueles primeiros meses. Aceitei a proposição e me dispus, no semestre seguinte, a assumir a turma e continuar com o trabalho em processo, mas estabeleci uma condição: a de que eu tivesse liberdade total para modificar o que fôra até então criado e, mais do que isso, focar nos temas que eu percebia presentes no texto de Camus e que eu gostaria de relacionar, muito mais criticamente, com a era Bolsonaro que, naquele momento, começava a se materializar. Após esse acerto iniciamos o trabalho, e estou convicto de que o período em que erguemos o espetáculo Nosso Estado de Sítio, entre agosto e novembro de 2018, foi decisivo para o resultado que obtivemos: criávamos antes, durante e após o processo eleitoral que levou Bolsonaro à presidência do Brasil. Não poderíamos ter estímulo mais afiado para construir a crítica política e comportamental que encenamos.

Uma vez estendido o pano de fundo - os absurdos ideológicos advindos de apoiadores e do próprio Bolsonaro -, era preciso encontrar a melhor maneira de relacionar a fábula de Camus, na qual a passagem de um cometa pela cidade de Cádiz, na Espanha, traz a reboque a chegada da Peste e da Morte, ambas encarnadas em figuras antropomorfizadas, trazendo destruição, medo e perda de vidas. Minha opção foi a de radicalizar a encenação, no sentido mesmo de raiz: limar tudo que se configurava como excessos discursivos (por se tratar de um texto com 70 anos, era muito presente a importância dada por Camus à palavra) e substituir por imagens que, se nem sempre fiéis àquelas propostas pelo dramaturgo, surgiam como alternativas atualizadas para o espírito do século XXI, ao tratar de preconceito, intransigência e desgoverno. 
Encontrar figura homóloga à Peste foi fácil: o ultraconservadorismo nosso contemporâneo se colou à perfeição à metáfora camusiana: que chega com um ímpeto de destruição, de terra arrasada, passando como tanque de guerra sobre a diversidade, a delicadeza da diferença e o direito de ser quem se é. Minha indicação era a de tornar os três longos atos da peça de Camus em uma bofetada de 40 minutos, sem pudor de contar a “história” de forma diversa de uma narrativa convencional. Ao invés de personagens, como propunha Camus, construímos figuras intercambiáveis entre atores e atrizes. A fluidez de gênero nessas figuras também foi uma marca: um ator podia atuar como a personagem feminina Vitória, assim como uma mulher podia atuar a personagem masculina Diogo.
Outra decisão foi a de investir na coralidade. Os coros predominam no espetáculo, dando volume à cena, eivada de corpos que se movem e se fazem ouvir: um coro que ora representa os opressores, ora os oprimidos. Também considero a cara do espetáculo as citações ao Brasil contemporâneo, antropofagizando falas, situações e imagens associadas à era Bolsonaro. Afinal, esse é o “nosso estado de sítio”, não mais apenas o de Camus.
O resultado que obtivemos nos animou a continuar, e recebemos importantes chancelas: em janeiro  de 2019, o espetáculo Nosso Estado de Sítio foi selecionado e se apresentou no Itaú Cultural, na cidade de São Paulo, em uma convocatória chamada a_ponte- Cena do Teatro Universitário, que escolheu 14 trabalhos de todo o Brasil e tinha como foco o teatro universitário contemporâneo e suas formas de lidar com essa linguagem. Nosso espetáculo foi o único gaúcho a participar do evento.
Agora, Nosso Estado de Sítio foi selecionado para uma temporada no projeto Novas Caras, promovido pela Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre. O coletivo UAU – União de Artistas da Uergs –, que nasceu dentro da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, apresenta o espetáculo na sala Álvaro Moreyra, nos dias 12, 19 e 26 de março de 2019, sempre às 20h. A peça foi recentemente apresentada na cidade de São Paulo (SP), viabilizada através da convocatória a_ponte, promovida pelo Itaú Cultural, em janeiro de 2019, e agora se prepara para realizar apresentações na capital gaúcha. O escritor Albert Camus, autor do texto no qual a peça buscou inspiração, certa vez proferiu um discurso analisando o papel do artista, que não deve apenas distrair o público, mas comover o maior número possível de cidadãos, oferecendo-lhes uma imagem privilegiada dos sofrimentos e das alegrias comuns. Com esse mesmo propósito segue o convite para um espetáculo teatral, onde compartilhar ideias e angústias pode fazer sentido.
Nosso Estado de Sítio traz no elenco, formado totalmente por alunos e alunas da graduação em Teatro: Licenciatura da Uergs, sediada na cidade de Montenegro (RS), os seguintes nomes: Bruno Marques, Charlene Uez, Felipe Vigel, Gabriela Lemos, Jocteel Salles, Fayola Oliveira, Lucas Peiter, Marina Martins, Mônica Blume, Pâmela Magalhães, Paula Silveira, Paulo Rosa, Rodrigo Waschburger e Savana Flores. A direção e a concepção do espetáculo são minhas.

SERVIÇO

O quê? Espetáculo teatral Nosso Estado de Sítio.
Quando? Dias 12, 19 e 26 de março, sempre às 20h.
Onde? Sala Álvaro Moreyra, Porto Alegre.


Ingresso? R$ 20 e R$ 10 (estudantes, melhor idade e classe artística)