Marcelo Ádams

Marcelo Ádams

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Desejo e perigo


É muito salutar a integração de diretores não norte-americanos à indústria de cinema de Hollywood. Os exemplos são inúmeros, e remontam aos primórdios da sétima arte. Começando pelos alemães expressionistas como Fritz Lang, Ernst Lubisch e Erich von Stroheim, que escreveram a cartilha do que seria o film noir, passando pelos ingleses, que sempre deram um sopro de qualidade e inovação à cinematografia norte-americana, como Alfred Hitchcock, David Lean e Ridley Scott. Nas últimas décadas, a variedade de nacionalidades desses grandes contribuidores se alargou. Houve promessas não cumpridas, como John Woo, incensado como o novo paradigma para os filmes de ação. Há, porém, Ang Lee, esse sim, um cineasta acima de qualquer suspeita. Filmes como Banquete de casamento (1993) e Comer, beber, viver (1994), ambos indicados ao Oscar de filme estrangeiro, chamaram a atenção de Hollywood, e lá se foi Lee tentar fazer arte sob pressão. Nos entregou uma pequena obra-prima, pouquíssimo conhecida, infelizmente: Tempestade de gelo, de 1997. Com Sigourney Weaver e Kevin Kline protagonizando, contava ainda com Cristina Ricci e Tobey Maguire no elenco. A história retratava a vida de uma típica família de classe média americana, antecipando a acidez que Sam Mendes utilizaria em seu Beleza americana (1999). Antes de The ice storm, Lee já produzira um sucesso ao gosto do freguês, Razão e sensibilidade (1995), bela adaptação do romance de Jane Austen. O tigre e o dragão (2000) foi o estouro que faltava na carreira de Lee, uma junção de artes marciais com romance, sucesso de bilheteria em todo o mundo. Depois de ter dirigido um surpreendente Hulk, em 2003, vem o mais famoso dos filmes dele, O segredo de Brokeback mountain (2005), uma comovente história de amor impossível entre dois homens, protagonizada pelo falecido Heath Ledger. Ang Lee nos apresenta agora seu novo filme, Desejo e perigo, vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza, de 2007. Com produção chinesa, e contando uma história de amor, traição e espionagem, é mais um exemplo do brilho deste cineasta, que tem uma sensibilidade fantástica e consegue traduzir em imagens belíssimas seus roteiros. Na China da Segunda Guerra Mundial, dominada pelo Japão, uma aspirante a atriz é incumbida de seduzir um dos líderes do país invadido, mas que se opõe à Resistência, ficando do lado dos invasores. A relação entre esses dois personagens vai além do aconselhável, e institui-se então o impasse que o título menciona: desejo = perigo. O novo filme de Ang Lee, apresentado no último Festival de Cannes, chegará ao Brasil em setembro: Taking Woodstock, novamente uma produção norte-americana, falando daquele que é considerado o maior festival de música de todos os tempos, em sua importância para a cultura e para a música em si.

Um comentário:

  1. Oi Marcelo,

    Gostaria do teu email para uma entrevista para o jornal de Ijuí, já que se apresentará por aqui.

    redac.panorama@gamil.com

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