O filme vencedor do último Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, A partida, está em cartaz em Porto Alegre, apenas no Guion Center. Produção japonesa, dirigida por Yojiro Takita, trata do choque e do fascínio sofrido por um violencelista que, ao ver a orquestra em que tocava ser dissolvida, tem que procurar um novo emprego, e acaba como funcionário de uma empresa especializada em "preparar" os cadáveres para o velório. Preparar, neste caso, significa lavar o corpo, vesti-lo com um tipo de quimono e maquiá-lo, para que o falecido pareça-se com o que era em vida, sem as marcas enfeiadoras da morte. Para quem assitiu a série norte-americana A sete palmos, já lançada em dvd no Brasil, em cinco temporadas, sabe que esse convívio diário com a morte pode render excelentes filmes. A partida é, também, um belo filme, na maior parte do tempo. Afora as reflexões sobre a morte, coisa que todos nós passaremos, a riqueza com que as relações entre as personagens se estabelecem é o maior destaque. Apenas alguns momentos em que o protagonista é apresentado com um tipo de humor excessivamente clownwsco destoam do restante. O humor é, sim, parte integrante do ritual da morte (nos velórios, muitas vezes, se ri muito), mas o filme tem seus momentos mais belos quando torna-se mais intimista, seja deixando transbordar a dor em lágrimas contidas, seja quando encontros inesperados acontecem entre as personagens. E, como acontece muito frequentemente nos filmes japoneses, o filme é muito bonito visualmente, com seus enquadramentos precisos, a luz e a cor do filme, a música. Quem puder, aproveite para assistir, porque são raros os filmes japoneses que chegam aos nossos cinemas.
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