Marcelo Ádams

Marcelo Ádams

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Avatar


Lançado neste final de 2009, com a expectativa de se tornar um novo divisor de águas na história do cinema, o filme Avatar, de James Cameron, de fato apresenta inovações tecnológicas inéditas. Assisti ao longa em 3D, o que proporciona uma experiência ainda mais interativa. A perfeição alcançada pelas expressões faciais e corporais das personagens criadas digitalmente impressiona, e a comparação com filmes mais antigos que utilizam uma tecnologia semelhante é até injusta.
Cameron é um diretor visionário, que costuma criar engenhocas e equipamentos especialmente para serem utilizados em suas produções. Já fôra assim com seu filme anterior, Titanic, de 1997. Da mesma forma, com O exterminador do futuro 2O segredo do abismo, o diretor apresentou imagens nunca antes vistas nas telas. É, de fato, Avatar uma nova maneira de lidar com efeitos especiais: as figuras recriadas digitalmente ocupam a maioria do tempo do filme, ainda que atores de carne e osso tenham vez (Sigourney Weaver, a musa da série Alien, cujo segundo episódio, Aliens, o resgate, foi dirigido por Cameron em 1986, dá as caras aqui também).
Em relação à história que serve de pretexto para a profusão de efeitos inovadores, pode-se dizer que é politicamente corretíssima, já que tem como principal foco de conflito a exploração do meio ambiente por motivos econômicos. Mas não é só isso: os Navi, povo gigantesco que vive em tribo na lua chamada Pandora, são, sucessivamente, representados de forma a lembrarem, nitidamente, o povo norte-americano - em alguns momentos -, e, por outro lado, justamente os povos dominados pelo poderio bélico norte-americano, como vietnamintas ou iraquianos. Explico melhor: em uma cena, uma grande árvore sagrada dos Navi é destruída por um ataque americano, e a destruição dessa árvore é uma clara citação à queda das Torres Gêmeas - nesse caso, os americanos representam os terroristas, e os Navi, os nova yorkinos. Em outros momentos, a sanha de exploração do exército do filme, que não mede esforços para destroçar o povo indefeso com armas poderosas, lembra os ataques do exército yankee ao Vietnã ou ao Iraque: não havia equiparação bélica, e mesmo assim, eles foram inclementes. Nesses momentos, os Navi são os vietnamitas, e os americanos representam a si próprios.
Cameron defende seu ponto de vista de forma digna, ainda que esquemática e previsível. Mas não é um filme para se reclamar, e sim para se admirar.

Um comentário:

  1. Adorei tambémo o filme, mas tu já viu Delgo?

    Digita no google avatar delgo pra ti ver...

    (não consegui colar o link aqui...)

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