Já falei do filme que mais me emocionou no Festival de Gramado, o curta-metragem gaúcho Groelândia, do Rafael Figueiredo. Mas também quero falar do longa estrangeiro que mais me impressionou: o uruguaio Gigante, de 2008, dirigido por Adrián Biniez.
O filme é uma história de amor, como definiu o ator Horacio Camandula (na foto acima), que protagoniza de maneira impecável essa pequena grande película. Vencedor de três prêmios no Festival de Berlim deste ano, entre eles o Grande Prêmio do Júri e o Melhor Filme de Diretor Estreante, Gigante mostra a crescente obsessão que um vigia de um hipermercado nutre por uma funcionária da limpeza. Ambos trabalham de madrugada, e o grandalhão do título observa, através de um circuito interno de tv, aquela que se torna seu alvo amoroso. Sem jamais se revelar, o gigante passa a seguir a moça, fazendo com que ações surpreendentes se sucedam. Com grande economia de palavras, as imagens do filme são mais do que suficientes para nos fascinar. Além de tudo uma metáfora do próprio cinema, o filme presta uma homenagem (não sei se intencional, pois esta é uma opinião minha) à obra-prima Um corpo que cai (1958), de Alfred Hitchcock.
Camandula dividiu o kikito de Melhor Ator com o ator colombiano Matías Maldonado, do filme Nochebuena, mas acho que merecia levar o prêmio sozinho. Uma das grandes vantagens de passar uma semana inteira no festival, vendo tudo, é que temos contato com muita gente de cinema. Tive a oportunidade de conversar com os dois atores premiados, à beira da lareira do Hotel Serra Azul, ou no saguão. Gente finíssima. O uruguaio, inclusive, surpreende por tamanha adequação ao papel (além de ser muito alto, quase 2m, e "gordinho"), pois trata-se de seu primeiro filme de longa metragem, ele que é professor do ensino primário no Uruguai. Espero que Gigante estreie logo por aqui, para que todos possam ver como é possível fazer um lindo filme, simplíssimo, com baixo orçamento, mas tão envolvente e eficiente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário