Marcelo Ádams

Marcelo Ádams

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Brüno

Nas últimas semanas escrevi algumas vezes sobre a síndrome das celebridades, e agora volto a esse tema, depois de ter assistido ao filme Brüno, dirigido por Larry Charles (2009) e tendo o genial comediante inglês Sacha Baron Cohen como absoluto protagonista. Antes tendo estrelado o irreverentíssimo Borat (2006), Cohen volta a provocar risos perplexos com suas ousadias e cara de pau no novo filme. Brüno é um austríaco afetadíssimo, de 19 anos, que a princípio adentra o mundo da moda na Europa e, não obtendo sucesso em sua busca pela celebridade, imigra para os EUA em busca de um lugar sob os holofotes. Essa vinda para a América, terra das oportunidades, é mais um soco no estômago da cultura norte-americana. Tirando o maior sarro seja do conservadorismo, seja do "sem-noçãoísmo" dos americanos, Cohen/Brüno protagoniza alguns dos momentos mais non sense da história do cinema. Só vendo para entender quão a fundo pode ir a personagem, mas jamais esquecerei da cena em que Brüno vai a uma academia de karatê e obtém técnicas de um instrutor sobre como se defender de homossexuais que porventura portem gigantes consolos de borracha. É surreal. Talvez seja esse o futuro das comédias? Uma mistura de reality show com documentário e ficção? É o que parece, pois as duas melhores comédias da década (Borat e Brüno) têm esse pressuposto. Talvez, influenciados pela febre de "vida como ela é" que assola a TV mundial, os espectadores queiram ver um cinema-verdade. No Brasil, pelo menos, é impressionante o número de documentários que são lançados todo ano - número superior aos filmes de ficção. Brüno é um filme inteligente, que vai mais longe em escatologia do que foram os Monty Python. No entanto, Cohen é, aparentemente, um digno herdeiro do tipo de comédia que realmente me faz rir. O Mel Brooks dos anos 1970 não volta mais, mas pelo menos temos o dvd para ver joias como Primavera para Hitler (1968), Banzé no Oeste (1974), O jovem Frankenstein (1974), Alta ansiedade (1976) e A história do mundo- parte I (1981).

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