Há algumas semanas, a Globo começou a exibir, no começo da madrugada, uma série produzida pela Fox norte-americana, chamada Prison break. A premissa da primeira temporada, exibida em 2005 - e que já está na quarta temporada -, era a de que Michael Scofield, um jovem e inteligentíssimo engenheiro, provocava sua própria prisão assaltando um banco, para ser encarcerado no mesmo presídio que seu irmão Lincoln Burrows, condenado à morte na cadeira elétrica pelo suposto assassinato do irmão da vice-presidente americana.
A série mostrava, na primeira temporada, a convivência nada pacífica de Michael e seu irmão com outros presos (que se dividem em facções, como brancos, negros e latinos) e com os guardas penitenciários. Ao mesmo tempo, Michael, uma espécie de McGiver em nova versão, dava andamento ao seu plano mirabolante de fuga, para salvar o irmão da iminente execução.
Não preciso ocultar que Michael, seu irmão e outros seis presos conseguem escapar no último capítulo.
A segunda temporada, que estou avidamente assistindo em DVD, mostra os oito fugitivos tentando sobreviver e partindo em busca de uma fortuna de 5 milhões de dólares, enterrada por um velho prisioneiro, já morto, em algum lugar ermo de Utah.
É fascinante como os americanos têm gás para manter o interesse sempre vivo em suas séries, sem nenhum pudor de lançar mão de situações rocambolescas, com viradas surpreendentes e a todo momento. Prison break é uma espécie de folhetim policialesco, criando conexões cada vez mais complexas para enredar o espectador em sua teia, que envolve o FBI, o governo dos EUA, dinheiro perdido, assassinatos ocultos e até um pouquinho de humor, como ensinava o bom teatro elizabetano.
Suspension of disbelief, conforme a expressão cunhada pelo poeta e filósofo da estética Samuel Taylor Coleridge, em 1817, é a aceitação - por parte do receptor de uma obra de arte -, das premissas do artista, por mais fantásticas e impossíveis que possam parecer. Só assim é possível absorver (quase) totalmente os efeitos desejados pelo autor. Assistir Prison break, e, como de resto, a grande parte da produção ficcional, é suspender nossa descrença no improvável e no pouco verossímil. O retorno pode ser bem satisfatório, e confesso que fecho um pouco os olhos aos pequenos absurdos que povoam a narrativa da série, mirando no prazer de assistir ações muito bem construídas e personagens bem caracterizados (como o psicopata T-bag, interpretado magnificamente por Robert Knepper). Só para dar um exemplo, os detentos, dentro dos muros do presídio têm à sua disposição dois orelhões para fazer ligações para fora. E o melhor é que esses telefones não são grampeados, os presos fazem mil e uma combinações e ninguém fica sabendo de nada!
Em breve, começo a temporada 3. Recomendo.
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