Marcelo Ádams

Marcelo Ádams

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Clube dos cinco

Ontem aconteceu a última apresentação da temporada do espetáculo Clube dos cinco, adaptação de Bob Bahlis, que também dirigiu o espetáculo, para o filme emblemático dos anos 1980. O longa, de 1985 (The breakfast club), faz parte de uma onda de produções dirigidas ao público jovem que teve seu início naquela década nos EUA, do qual fizeram parte títulos como Porky's (1982), Picardias estudantis (1982), Gatinhas e gatões (1984) A garota de rosa shocking (1986) e Curtindo a vida adoidado (1986). O Brasil também teve o seu momento nesse gênero, com títulos como Menino do rio (1981), Garota dourada (1983), Bete Balanço (1984), Rock estrela (1986) e Rádio pirata (1987).
A versão teatral de Bob para o cult de John Hughes segue de perto o roteiro do filme. Em pouco menos de 60 minutos, a peça traz de volta as cinco figuras originais do filme americano que, a rigor, podem ser encaradas como personagens-estereótipo, pois são construídas sobre alguns dos principais tipos que nos acostumamos a associar ao comportamentos dos jovens (seja dos anos 80, seja dos atuais): a patricinha, o marginal, o atleta, a estranha e o nerd. O que o filme queria, e o que a peça também parece buscar, é a superação desses clichês, mostrando que alguém que parece ser de um jeito muitas vezes não o é (ainda que em muitas ocasiões, seja mesmo). Assim, em um sábado qualquer, esses cinco jovens são colocados juntos em uma sala da escola que frequentam, como castigo para atitudes que (descobrimos ao longo da peça) ultrapassaram os limites esperados de um adolescente estudante de classe média.
O elenco é formado por Beto Mônaco, Catharina Cecato Conte, Gabriel Ditelles, Mariana Del Pino, Pingo Alabarce e Thiago Tavares, que dão conta do recado e defendem seus papeis com garra. Ainda que a peça tenha vários momentos cômicos, em minha opinião os melhores são aqueles em que a desesperança e a  frustração dos jovens explode pela via dramática, justamente fazendo aquilo que parece ser a intenção da história: mostrar que quem vê cara não vê coração.
Espero que a peça volte logo a cartaz, pois a lotação do Teatro Bruno Kiefer demonstra que há uma grande demanda reprimida por espetáculos que tematizem a juventude, e que discutam questões que fazem diferença para os atuais adolescentes da geração Y. Clube dos cinco, nesse sentido, é uma grande contribuição inclusive para a formação de público em nossa cidade. 


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