Marcelo Ádams

Marcelo Ádams

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Capitão Phillips

Paul Greengrass pode não ser um cineasta muito conhecido para a grande maioria dos frequentadores de cinema, mas ele é um dos mais eficientes comandantes de filmes de ação surgidos nos últimos tempos. Não aquele tipo de filme de ação baseado unicamente em explosões e tiros, subgênero que teve seu auge nos anos 1980 e 1990, com produções que tinham Arnold Schwarzenegger, Sylvester Stallone, Jean-Claude Van Damme e mais uma matilha de heróis rosnadores e de mira incrivelmente precisa como protagonistas. É claro que o explode-explode deixou herdeiros, e hoje em dia Vin Diesel e Jason Statham passaram para as fileiras da frente na nunca superada cartilha do "tiro pelo tiro", algo como a "arte pela arte", onde o motivo para atirar não conta, basta que ele exista, pois se auto justifica.
Greengrass dirigiu A supremacia Bourne (2004) e O ultimato Bourne (2007), a segunda e a terceira partes da "trilogia Bourne", filmes baseados nos romances do escritor Robert Ludlum, que traziam como protagonista o ator Matt Damon interpretando um ex-agente secreto que perde a memória e passa a ser caçado tanto pelos ex-companheiros quanto pelos antigos e atuais inimigos. Dois filmes impecáveis no que se refere à carga de adrenalina, de criatividade nas soluções fílmicas e no ritmo frenético imprimido às sequências de pancadaria. Greengrass trouxe de volta a verossimilhança aos filmes de ação, que naquele momento, graças aos excessos, provocava frequentemente um riso de descrença e/ou um bocejo de tédio, dada a quantidade inacreditável de projéteis que as armas dos antigos heróis de ação pareciam dispor nos tambores de suas pistolas, metralhadoras e similares.
Com Voo United 93, de 2006, Greengrass encena um emocionante e angustiante petardo, a reconstituição quase documental dos incidentes que levaram ao sequestro e à destruição do voo 93, sequestrado por terroristas no Onze de Setembro de 2001, no qual os passageiros lutaram até o fim, corpo a corpo, com os raptores, até o aniquilamento de todos em virtude da colisão contra o solo, na Pennsylvania.
Este Capitão Phillips (2013) novamente baseia-se em fatos reais, ocorridos em 2009, quando o capitão de um navio de carga, Rich Phillips, passando com sua tripulação ao longo da costa da Somália, é abordado por um grupo de piratas somalis, e tem sua embarcação sequestrada. O pior acontece quando Phillips é levado junto com os piratas em um pequena baleeira (barco de pequenas proporções), e passa horas de intenso sofrimento, até ser resgatado pelas tropas americanas.
O filme é de uma tensão lancinante, nas suas quase duas horas e meia de ação. Greengrass constrói um filme incrível, muito bem filmado e editado, o supra sumo do gênero. E ainda traz Tom Hanks em uma linda atuação, especialmente naquela que é sua última cena no filme, já tendo sido resgatado pelos SEALS americanos, e em estado de choque após o desenlace trágico e sangrento. De verdade.

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