Marcelo Ádams

Marcelo Ádams

quarta-feira, 11 de março de 2009

Negros dias no Teatro de Câmara Túlio Piva


Estreia hoje, dia 11 de março, estendendo-se até dia 1º de abril, às 2oh, sempre às quartas-feiras, com entrada franca, o espetáculo teatral Negros dias. Durante quatro semanas, no Teatro de Câmara Túlio Piva (República, 575), a comédia que escrevi especialmente para os alunos-atores do curso de teatro de Margarida Leoni Peixoto, minha mulher, ocupará o teatro da Cidade Baixa.
Desde 2002 tenho escrito textos para os cursos da Margarida, e nossa metodologia tem funcionado muito bem. Nos primeiros dias de aula, vou até a Cia. de Arte, onde a Margarida mantém seu curso há anos, no quarto andar, e conheço os alunos. A partir daí, escrevo uma peça pensando especificamente em seus intérpretes. Os espetáculos que resultam desses cursos, com duração de quatro meses, apresentam-se em julho ou dezembro, no próprio teatro da Cia. de Arte.
Negros dias, que agora inaugura o projeto Novas Caras da Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre, foi apresentado originalmente em julho de 2008, iniciando, a partir daí, algumas participações em festivais de teatro pelo interior do RS. No Festival Nacional de Esquetes de Gravataí, por exemplo, onde recebeu três troféus, e no Festival de São Leopoldo, onde teve várias indicações.
O texto é uma comédia inspirada pelo melodrama, ambientada no Brasil, no dia 12 de maio de 1888, portanto na véspera da Abolição da Escravatura pela Princesa Isabel. Os poderosos fazendeiros Mont'Serrat são escaravagistas, e mantêm um plantel de escravos que sofrem maus tratos. Porém, o filho mais moço dos Mont'Serrat, o recém-formado advogado Jacó, vem com ideias abolicionistas da capital, e procurará mudar a desumana situação, enfrentando sua mãe, a Sra. de Mont'Serrat, e seu irmão mais velho, Esaú. Quando chega, porém, Jacó apaixona-se pela linda escrava Maraia, criando uma situação delicada.
Esse é o mote principal da peça, que ainda conta com outros personagens: os escravos Bá, Micaela e Tonhão; a Sra. Passo d'Areia, uma oportunista que quer casar sua filha, a ninfomaníaca Marta, com um dos herdeiros Mont'Serrat; Doninha, uma abolicionista ferrenha; Vespertino, um homem com distúrbios psicológicos; Feitosa, o implacável feitor de escravos da fazenda; Violeta, a cunhada da Feitosa, que foge dos terríveis maus tratos que sofre dele, e a misteriosa governanta dos Mont'Serrat.
O espetáculo conta com figurinos de Rô Cortinhas, que reproduzem o Brasil do século XIX, e tem momentos de música ao vivo, executada pelos atores.
O elenco de 14 atores está muito bem, e me orgulho do resultado que eles alcançaram, sob orientação da Margarida, que consegue extrair o melhor de cada um. Quem tiver oportunidade, apareça no teatro, para conhecer uma nova geração de atores que está surgindo em Porto Alegre. Tenho certeza de que você vai se divertir.

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