Marcelo Ádams

Marcelo Ádams

sábado, 3 de dezembro de 2016

EU E CAIO FERNANDO ABREU

Caio Fernando Abreu (1948-1996) destacou-se, em sua produção literária, como contista, romancista e dramaturgo, além da profissão paralela de jornalista, que exerceu ao longo de sua carreira. Como autor de teatro, provavelmente a função menos conhecida por seu público leitor, em virtude de seu meio privilegiado de divulgação - o palco -, é que Caio entrou em minha vida, me aproximando desse que é um dos escritores mais cultuados do século XX brasileiro. Tive a satisfação de atuar em alguns espetáculos encenados a partir de textos dramáticos ou da adaptação de contos de Caio em quatro ocasiões, uma das quais estreará em 6 de julho de 2017, no Theatro São Pedro de Porto Alegre, com direção de Luís Artur Nunes: Caio do céu.
Em 2004, Margarida Peixoto encenou, como seu projeto de graduação em Direção Teatral no DAD (Departamento de Arte Dramática) da UFRGS, A maldição do Vale Negro, texto que Caio escreveu em parceria com seu grande amigo e parceiro de arte Luís Artur Nunes. Nessa divertidíssima homenagem ao melodrama, que Caio e Luís Artur localizaram na França de meados do século XIX, interpretei o Conde Maurício de Belmont, uma personagem ambígua em sua divisão entre atitudes mesquinhas e um coração generoso. Era delicioso extrapolar os limites do razoável ao encarnar o Conde Maurício, em uma composição física arrebatada e "procopiana":

Eu, o Conde Maurício de Belmont de A maldição do Vale Negro

Em fevereiro de 2006, na ocasião da efeméride de 10 anos de morte de Caio, Luciano Alabarse encenou uma adaptação para o palco do livro mais conhecido do autor nascido em Santiago (RS): o volume de contos Morangos mofados. Já o espetáculo Morangos mofados era a transposição cênica de alguns dos contos do livro, dos quais a foto abaixo é uma imagem de Caixinha de música:

Eu, o Homem de Morangos mofados

No mesmo ano de 2006, e também sob a direção de Luciano Alabarse, um dos grandes amigos que Caio teve ao longo da vida, tive a transformadora oportunidade de encenar seu último texto teatral, O homem e a mancha. Este tour de force para um ator (trata-se de um solo, em que o mesmo ator interpreta todas as cinco personagens: Ator, Miguel Quesada, Homem da Mancha, Dom Quixote e Cavaleiro da Triste Figura) rendeu-me o primeiro Prêmio Açorianos de Melhor Ator, e representou um mergulho profundo em meu trabalho de atuação, já que durante 2 horas de encenação eu precisava me desdobrar em todas as personagens que iam e viam, cruzando a narrativa fragmentária do texto de Caio, sempre com o fio condutor da figura enlouquecida do Dom Quixote de Miguel de Cervantes (na versão muito especial e provocadora de Caio, é claro):
Eu, como uma das muitas caras em O homem e a mancha

Minha mais recente incursão pela obra de Caio vem de uma forma muito especial. A convite de Deborah Finocchiaro, estarei em cena em Caio do céu, espetáculo que traz fragmentos de vários obras de Caio, com direção de Luís Artur Nunes, um dos grandes encenadores nascidos no Rio Grande do Sul e que, durante os anos 1970 e 1980, liderou o Grupo de Teatro Província, importante coletivo teatral de Porto Alegre. A partir de 1990, Luís Artur transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde foi professor da UFRJ, e continuou a encenar inúmeros espetáculos de grande repercussão artística. Em Caio do céu, minha participação será por meio de imagens projetadas, as quais foram gravadas com direção de fotografia de Bruno Polidoro, som de Leco Petersen, e montagem de Daniel Dode: 
Eu, um dos Companheiros em Caio do céu

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