Que privilégio poder assistir - e mais do que isso, ouvir - Meredith Monk e seus parceiros de cena, Katie Geissinger, Allison Sniffin e Bohdan Hilash. Os 51 anos de carreira tornaram essa artista, que transita pelo cinema e pela performance com ímpeto e vontade, totalmente dona de seus recursos, que não são poucos. Li, em ambientes virtuais, alguns espectadores comparando o show de Meredith Monk a uma sequência de trinados de pássaros, em clara depreciação ao dificílimo trabalho que assistimos. Será isso insensibilidade ou dificuldade de ultrapassar a barreira do literal e do representativo? Provavelmente ambos, mesclados. As sonoridades produzidas pelo conjunto são tão sofisticadas, desconcertantes e bem executadas que é impossível não se emocionar com a capacidade que nós humanos temos de produzir beleza. Uma beleza abstrata a desses sons que saem de gargantas potentes. Os sons que produziam muitas vezes não eram compostos de palavras compreensíveis. Mas eram, paradoxalmente, repletos de ideias, significados trançados e de camadas que nos levavam a lugares que só uma imaginação aberta e disponível pode perceber e se deleitar.
Para mim, o momento inesquecível foi este, Madwoman's vision, do álbum Book of days, de 1980:
Para mim, o momento inesquecível foi este, Madwoman's vision, do álbum Book of days, de 1980:
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