Gosto de acompanhar os trabalhos de atores e atrizes que são premiados por seus trabalhos em festivais (Oscar, Berlim, Veneza, Cannes, etc.), porque é possível aprender, e muito, com a observação de grandes intérpretes. Esse é um dos motivos da minha incompreensão diante de determinados artistas que se recusam, sistematicamente, a acompanhar o que acontece nos nossos palcos. Essa incongruente não-curiosidade só é explicável por dois motivos: ou o artista acredita, equivocadamente, que já está "pronto" e nada mais tem a aprender com o que o rodeia; ou não gosta de fato do que faz, transformando seu ofício apenas em um meio de subsistência, tão mecânico quanto carimbar formulários em um escritório.
Mas falando sobre grandes interpretações, para mim, que sou ator (e incompleto e insatisfeito por definição), assistir a um trabalho como o de Jeff Bridges em Coração louco (Crazy heart, EUA, 2009) proporciona refletir sobre a técnica e embevecer-se com o resultado.
Interpretando o cantor de música country decadente Bad Blake, Bridges entrega um trabalho de composição delicado e merecidamente premiado com o Oscar de Melhor Ator. Bridges que atuou tão bem em filmes como A última sessão de cinema (1971), Starman- O homem da estrelas (1984), O silêncio do lago (1993), O grande Lebowski (1998) e Bravura indômita (2010) é versátil, carismático e possui o timing da câmera: sabe que fazer pouco, mas com conteúdo, é quase infalível.
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