Se você é daquelas pessoas que se chateiam com aquele tipo de telefilme norte-americano que inunda as Sessões da tarde ou os Corujões, tendo como base a luta de personagens contra doenças terminais, ou querendo resgatar o amor de seus filhos, muitas vezes "baseados em histórias reais" e estrelados por obscuros atores yankees, não vai gostar de O silêncio dos amantes. Moacyr Goés faz de tudo para levar às lágrimas os espectadores, valendo-se de uma melancólica música de piano e figurinos que identificam os personagens com anjos caídos (com asas e tudo). Além disso, baseados em textos de Lya Luft que falam sobre perdas (mortes) de pessoas amadas, os quatro monólogos que compõem o espetáculo resvalam no piegas, algumas vezes. Isso não é de se espantar, já que Moacyr Góes, em suas recentes incursões como diretor de cinema, nos brindou com filmes tenebrosos como Xuxinha e Guto contra os monstros do espaço, Xuxa e o tesouro da cidade perdida e Xuxa abracadabra. Por aí se vê que nem sempre Góes se preocupa com o que possam dizer dele, desde que encha os bolsos de dinheiro.
Dito isso, é preciso destacar que o primeiro e o último desses quatro monólogos, interpretados por atores mais capacitados, conseguem atingir o espectador em sua sensibilidade, especialmente aquele que é o relato de um anão e suas dificuldades de adaptação na sociedade e na família. Não consegui entender, por mais que me esforçasse, qual é a relação entre anjos, personagens da commedia dell'arte e tragédias familiares. Uma salada de frutas que, de fato, agradou à plateia do dia em que assisti à peça, mas que me soou como um tiroteio pra tudo quanto é lado, claro que sempre mirando na lágrima alheia.
O cenário é muito bonito, criativo, e, se não é tão bem utilizado, pelo menos é original.
Assisti a peça nessa semana, em Porto Alegre. Achei muito linda, genial. A beleza e simplicidade do cenário, a linda música e a excelente atuação (especialmente do primeiro e do último ator, como tu disseste) me tocaram.
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