Uma das imagens preferidas da iconografia dos séculos XV ao XVII era a descida de Cristo da cruz, após a crucificação. Por ser uma época em que, para sustentar-se, os artistas necessitavam do mecenato de nobres e da Igreja, eram frequentes e comuns os retratos de autoridades eclesiásticas e da aristocracia, que podia pagar pelo luxo de verem-se registrados em tela pela sensibilidade dos maiores artistas daquele tempo. Pelo mesmo motivo, contratavam-se esses artistas para pintar ou esculpir cenas retiradas do velho e do novo testamento, para decorar capelas, nichos ou aposentos dos contratantes. É lindo comparar algumas dessas cenas nas versões de diferentes artistas, como a Anunciação, a Santa Ceia, ou a já citada descida da cruz. Para efeito de estudo de volumes, linhas e texturas, coloco aqui uma inusitada comparação entre algumas descidas da cruz e uma fotografia clicada por Adriano Arantos, talentoso fotógrafo e músico que nos acompanhou por Maceió e João Pessoa em nossa recente turnê de Os homens do triângulo rosa pelo Nordeste brasileiro, que contou com o patrocínio da Petrobras. Adriano captou um lindo momento de expressividade dos atores, que associo às descidas da cruz da tradição pictórica ocidental.
Adriano Arantos, Os homens do triângulo rosa, 2016
Antônio Nogueira, Descida da cruz, 1564
Rogier van der Weyden, Deposição da cruz, 1435-38
Rubens, A deposição da cruz, 1610-11
Giorgio Vasari, A deposição da cruz, 1540
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