Nos últimos anos, um fenômeno muito bem vindo tem se evidenciado entre os diretores de teatro gaúchos: a busca pela qualificação acadêmica, junto a programas de pós-graduação em nível de mestrado e doutorado. Como é sabido, a formação acadêmica não "dá camisa a ninguém", pois grandes nomes do teatro sequer frequentarm aulas regulares de artes cênicas. Essa possibilidade de investigar e pesquisar a prática cênica começou, no Brasil, somente a partir da década de 1960, quando a criação e implementação de cursos de teatro junto às universidades passou a dar seus primeiros passos. Mas, da mesma forma, é pouco inteligente negar o que está frente aos olhos: se há oferta, é porque há demanda. Mais e mais profissionais da encenação têm se dedicado a sistematizar suas pesquisas na área, o que indubitavelmente só acrescenta ganhos às nossas produções locais.
Falo aqui apenas de encenadores, mas há, da mesma forma, um grande número de atores, docentes e criadores plásticos que têm buscado a qualificação. Isso passa a se refletir, cada vez mais, na qualidade de nosso teatro: a busca de uma linguagem mais aprimorada, o aprofundamento dessa arte que a todos nos encanta.
Entre os nomes de diretores de teatro que voltaram aos bancos acadêmicos, e que me vêm à mente, estão, além de mim, Adriane Mottola, Jezebel de Carli, Luciana Éboli, Patrícia Fagundes, Paulo Balardim, Daniel Colin, Gilberto Fonseca, Élcio Rossini, Humberto Vieira, Jaqueline Pinzon, P. R. Berton, Márcio Santos e certamente outros, que vão dar novas diretrizes ao nosso teatro, a partir de seus estudos teatrais.
Uma vez o Camilo me disse que para ser um bom diretor, o cara deveria estudar de tudo: português, filosofia, sociologia, história (principalmente história) e tudo mais que viesse pela frente, e eu concordei muito com isso. Sentia falta de estudar o teatro na academia. Confesso que o mestrado não me satisfez completamente, houve muitas lacunas que sequer chegaram perto de serem preenchidas, mas aprendi bastante, principalmente com os meus colegas. Não vou parar no mestrado, vou buscar um doutorado, dificilmente em teatro, provavelmente em antropologia ou em literatura. Acho importante que a nossa classe estude e que amplie o conteúdo dos espetáculos. Temos essa responsabilidade. Que os atores e técnicos nos acompanhem para que o debate sobre o teatro como um todo aconteça mais ainda.
ResponderExcluirAbraço.