Fui convidado pela Mirna Spritzer para integrar a roda de debates do dia 12, porém em função de outros compromissos tive que recusar. Mas a Margarida estará lá representando a Cia. de Teatro ao Quadrado, ao lado de vários diretores teatrais de Porto Alegre. É uma oportunidade muito importante de falar sobre esse bicho que nos funga à nuca, o pós-dramático.
Minha posição: "para além do drama", o subtítulo que ilustra o seminário, não significa SEM o drama. Não se pode abandonar completamente (ok, alguns fazem isso) o texto dramático, ainda que "pós-dramatizado". Façam as contas: a maioria das inovações formais na encenação foi alavancada pelos textos teatrais de autores que propunham novas formas. A partir desse "o que fazer com isso?", os encenadores criavam maneiras de levar à cena as palavras inovadoras. Tchekhov só foi compreendido em sua riqueza após Stanislavski. O rei da vela, de Oswald de Andrade, peça escrita em 1937 (e muito pós-dramática, por sinal), só foi encontrar um encenador em 1967, Zé Celso Martinez Corrêa. No RS, as experiências dramáticas de Qorpo Santo, criadas em 1866 (!), só foram encontrar lugar na cena brasileira em 1966, por Antônio Carlos Sena. E ainda atribui-se ao autor triunfense a fundação (ainda que não consciente, obviamente) dos movimentos surrealista e absurdo, do século XX.
Sim, as novas tecnologias aplicadas à cena contribuem muito para essa discussão do que é e de como se configura o teatro pós-dramático. Mas essa história rende muito mais pano para a manga.
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