Assisti ao novo espetáculo do grupo Caixa do Elefante Teatro de Bonecos, que desde 1991 tem criado obras para todas as idades. Li numa entrevista do Paulo Balardim, diretor e roteirista de A tecelã, que "um bom espetáculo não tem faixa etária", e até certo ponto isso se aplica ao teatro em geral, embora não se possa generalizar (algumas encenações, definitivamente, não são adequadas para crianças, por mais que se democratize essa questão - lembro de Tito Andrônico, uma tragédia sangrenta de Shakespeare, por exemplo, sendo assistida por criancinhas: chocante!). Isso não se aplica à peça de Balardim, que realmente pode ser vista por qualquer pessoa, claro que com entendimentos diferenciados, de acordo com o "horizonte de expectativa" de cada um.
Na foto acima, Carolina Garcia, a tecelã do título, que contracena basicamente com bonecos, durante a encenação de pouco menos de uma hora. É uma fábula muito simples, adaptada de um conto de Marina Colasanti, onde uma tecelã conhece um homem, por ele se encanta e, aparentemente, se separam. Digo aparentemente porque a peça não faz uso de palavras para contar essa história, e o que apreendi decorre das ações e climas criados pela encenação. Às vezes eu tinha que intuir os rumos que a história tomava, pela falta de um esclarecimento maior: uma atmosfera onírica muitas vezes tomava conta da cena, com lindas imagens, sucedendo-se ação ao vivo, com bonecos, e projeções. A dramaturgia por vezes frágil, no entanto, não tira os méritos da produção, que é de qualidade superior. Tudo é bem acabado, preciso, poético: a cenografia, a trilha sonora, a iluminação (essa com pequenas falhas de operação ou afinação), e a atuação de Carolina, muito sensível, delicada. Os truques de magia são encantadores, o jogo é delicioso. Um lindo trabalho, que demonstra toda a pesquisa séria e aprofundada que o Caixa do Elefante faz.
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