Hoje, dia 10 de outubro, a Cia Teatro ao Quadrado está especialmente feliz, porque completamos 2 anos da estreia de nosso espetáculo Os homens do triângulo
rosa. A primeira vez que tivemos contato com o caloroso e emocionado público que vem nos prestigiando nesses 24 meses foi em 10 de outubro de 2014, no magnífico Theatro São Pedro, aqui em Porto Alegre. Naquele momento, não tínhamos ideia da belíssima trajetória que teríamos com esse espetáculo, que tem nos dado tantas alegrias e proporcionado debates e reflexões tão pertinentes no contexto de violência e intolerância à diversidade no qual estamos mergulhados. E temos o desejo de que esses 2 anos sejam a caminhada inicial desse trabalho que nos envolve tanto, e que já nos presenteou com inúmeros momentos inesquecíveis. Dentre os memoráveis, destaco a viagem que realizamos em julho de 2016 para o Nordeste brasileiro, com o patrocínio da Petrobras, quando pudemos realizar apresentações em Maceió e João Pessoa.
Agora, às vésperas do aniversário de 2 anos, tivemos a imensa satisfação de contar com a presença de Ivo Bender nos assistindo. Com grande generosidade, Ivo nos dedicou um lindo texto em que fala de nosso espetáculo. Não poderíamos ter recebido melhor presente do que esse. Obrigado Ivo!
Aqui está o texto que Ivo Bender escreveu:
Os homens do triângulo rosa
Ivo Bender
"Há muito tempo venho acompanhando o movimento teatral de
Porto Alegre. Nem sempre,
porém, sou surpreendido pela qualidade de uma encenação. Assim sendo, saúdo Margarida Peixoto e
Marcelo Ádams pela iniciativa de encenar Os
homens do triângulo rosa. A dramaturgia da peça resulta da seleção e soma de textos de Martin Sherman, Rudolf Brazda e
Jean-Luc Schwab.
Margarida
Peixoto e Marcelo Ádams, ambos de sólida formação literária e cênica, firmam-se
a cada novo trabalho. Deve-se frisar que nem Marcelo nem tampouco Margarida praticam a equivocada fórmula que afirma que “o texto é
tão só um pretexto para a encenação”. Ambos
devolvem ao texto dramático o devido lugar entre os demais elementos
teatrais. Desse modo, fica muito claro o que
Margarida nos diz ao longo de sua
encenação. Considerando
o minimalismo dos acessórios cênicos que impera no espetáculo - uma cadeira, uma cerca de arame eletrificada
e dois montes de pedras de arenito rosa - pode-se concluir que o texto e a
interpretação reassumem aqui seu papel. Assim, a economia nos acessórios cria um
vazio que logo será ocupado pela atmosfera pesada do terror
nazista. No regime de Hitler, ciganos, intelectuais de esquerda, judeus e homossexuais vão compor a massa humana a ser
trucidada pelo programa “Solução
final”.
Margarida e Marcelo
tiveram extremo cuidado na escolha e preparação do elenco. O grupo de atores é homogêneo na correta e eficiente criação das figuras. Antônio Rabadan cria não apenas a roupa dos
prisioneiros, mas se
supera no requinte do figurino de Gisela Habeyche: brilhos e panejamentos preciosos que, somados à sua voz potente e afinada, a transformam em uma presença
luminosa onde reina a treva.
No elenco ainda
estão Frederico Vasques, Pedro
Delgado e Edgar Rosa, todos marcados por eficiente desempenho. Marcelo Ádams, em criação sensível e irretocável, encarna Max, a personagem central. Ádams emociona e não deixa o espectador ficar alheio
à angústia de sua personagem. Já Gustavo Susin cria com a agilidade do corpo e toques de humor a inesquecível
figura do bailarino. E Alex Limberger encarna o capitão
lascivo e homicida que dirige o campo de extermínio. Na sua interpretação, Limberger oferece a imagem dos algozes.
A cenografia traz
a assinatura de Yara Balboni e a música ao vivo tem o belo desempenho da musicista Elda
Pires.
Finalmente, estamos todos de parabéns por termos esse
espetáculo entre nós. E, certamente, se Baco ainda habita o Olimpo ou perambula por
entre as ruínas de Delfos, ele virá aplaudir Os homens do triângulo rosa, que volta ao cartaz no verão de 2017."
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