Antonio Hohlfeldt escreveu uma crítica de A CÃOFUSÃO no Jornal do Comércio. Fico feliz com a boa leitura que Hohlfeldt fez, mas como autor tenho que colocar meu ponto de vista e fazer a defesa daquilo que ele considerou "artificioso": a cena em que o herói da peça, o cão Malandro, luta contra o rato Iago, defendendo o bebê. A inserção dessa breve situação na dramaturgia - que não dura mais do que 3 minutos - deve-se à necessidade de reforçar o caráter corajoso e valente do herói perante Lady, seu par amoroso e, consequentemente, perante a plateia de crianças, a quem se dirige a peça. Caracterizando o herói com qualidades elevadas, reforçamos a naturalidade da aceitação do "diferente" por parte de Lady, já que os protagonistas vêm de estratos sociais distintos. Meu texto não é perfeito, não tenho essa pretensão, mas acredito que algumas escolhas (e essa é uma delas) são intrínsecas à temática que procurei desenvolver.
Como Hohlfeldt escreve sou dramaturgo estreante, mas apenas em teatro infantil (escrevi A CÃOFUSÃO há quase dez anos), mas em teatro adulto já contabilizo cerca de 12 peças encenadas, todas dirigidas pela Margarida, minha mulher, nas nossas oficinas de montagem de espetáculo. Escrevo duas peças por ano, e neste momento finalizo o texto da comédia PLAZA XAVANTES, que estreará dia 15 de julho, com a atual turma da oficina, formada por 16 alunos.
Outra correção que faço à crítica do meu ex-professor é a grafia incorreta do sobrenome da Lúcia Bendati - escreve-se com um T só!
Dupla estreia, agrada e diverte
Uma dupla estreia marca a temporada da peça infantil A cãofusão - Uma aventura legal pra cachorro. De um lado, o ator e diretor Marcelo Adams torna-se dramaturgo. De outro lado, a atriz Lúcia Bendatti transforma-se em diretora. Ambos, com bons resultados em sua troca de funções.
A cãofusão é uma divertida história de uma cadelinha chique, Lady, que se encontra com um cachorro vira-lata, Malandro. Marcelo Adams optou pela forma do musical, que é sempre difícil, porque exige maior preparo dos intérpretes. Neste caso, a parceria com Lucia Bendatti resultou positivamente, porque a equipe formada deu conta do recado: a trilha sonora de Álvaro RosaCosta, a preparação musical de Simone Rasslan, a coreografia de Larissa Sanguiné, a cenografia simples e sugestiva de Zoé Degani e os figurinos de Cláudio Benevenga e Zélia Mariah permitiram um espetáculo movimentado, alegre, bonito e bem acabado. Sente-se que a equipe fez teatro para crianças com seriedade, respeitando-as e procurando realizar um trabalho com seriedade. Deu muito certo.
Lucia Bendatti vem de uma boa escola, a de Ronald Radde do Teatro Novo. Levou parte da equipe que mais recentemente trabalha naquele grupo para a sua produção. Não se arrependeu, por certo. O elenco, formado por Cassiano Fraga, Daniel Colin, Denis Gosch, Fernanda Petit, Letícia Paranhos, Patrícia Soso e Ricardo Zigomático mostrou competência, sentido de coletivo e dedicação, sem jamais perder suas individualidades. Assim, Denis Gosch é impagável e sempre arranca gargalhadas quando entra em cena, especialmente como o rato Iago. Cassiano Fraga é uma engraçadíssima galinha; Letícia Paranhos, como Crista, e depois em diferentes momentos, chama a atenção; Ricardo Zigomático e Fernanda Petit, como os heróis da trama, cumprem perfeitamente seus papéis e encantam aos pequenos da plateia.
O elenco se desdobra em diferentes tipos, mas o trabalho ganha maior plenitude quando todos eles formam o conjunto coreográfico do circo ou do coro. Larissa Sanguiné foi muito feliz nas suas coreografias, e Lúcia Bendatti teve um extraordinário senso de bom humor, que diverte e sensibiliza, por vezes permitindo comentários parodísticos que os adultos entendem, mais que as crianças, mas que não truncam a comunicabilidade com os pequenos e garantem um diálogo mais direto com os maiores.
O uso do play back para a trilha sonora é uma medida de precaução, mas quase desnecessária: todo o elenco canta bem, dança bem e mantém excelente dicção, o que torna todo o espetáculo audível e totalmente compreensível.
A peça ultrapassa a hora cheia convencional de duração. Mas não por isso, e sim por desnecessário, acho que
Marcelo Adams deve rever em seguida seu texto. Ele refere a tradição dos desenhos animados de Disney em torno de personagens-cães, e de certo modo acaba caindo na armadilha, sem necessidade. Toda a sequência em que Malandro vai em busca de Lady e termina salvando a criança no berço, quando a mesma vai ser atacada pelo rato Bóris, é absolutamente artificiosa, não reflete no conjunto do enredo e evidencia uma referência gratuita ao filme “A dama e o vagabundo”, que desmerece a qualidade de tudo o mais que o texto realiza. Além de tudo, o corte desta passagem por certo vai colocar a encenação dentro do tempo normal do espetáculo para crianças, repito, sem qualquer prejuízo para a obra, pelo contrário, valorizando-a, porque lhe dá maior unidade. Basta um pequeno acerto que permita encaminhar a questão dos ferimentos de Malandro, se for o caso.
No mais, trata-se de um desses bons momentos do teatro gaúcho e do teatro dirigido às crianças. Mostra, uma vez mais, a seriedade e a competência de Marcelo Adams e a boa compreensão do que seja teatro, por parte de Lúcia Bendatti.
A cãofusão é uma divertida história de uma cadelinha chique, Lady, que se encontra com um cachorro vira-lata, Malandro. Marcelo Adams optou pela forma do musical, que é sempre difícil, porque exige maior preparo dos intérpretes. Neste caso, a parceria com Lucia Bendatti resultou positivamente, porque a equipe formada deu conta do recado: a trilha sonora de Álvaro RosaCosta, a preparação musical de Simone Rasslan, a coreografia de Larissa Sanguiné, a cenografia simples e sugestiva de Zoé Degani e os figurinos de Cláudio Benevenga e Zélia Mariah permitiram um espetáculo movimentado, alegre, bonito e bem acabado. Sente-se que a equipe fez teatro para crianças com seriedade, respeitando-as e procurando realizar um trabalho com seriedade. Deu muito certo.
Lucia Bendatti vem de uma boa escola, a de Ronald Radde do Teatro Novo. Levou parte da equipe que mais recentemente trabalha naquele grupo para a sua produção. Não se arrependeu, por certo. O elenco, formado por Cassiano Fraga, Daniel Colin, Denis Gosch, Fernanda Petit, Letícia Paranhos, Patrícia Soso e Ricardo Zigomático mostrou competência, sentido de coletivo e dedicação, sem jamais perder suas individualidades. Assim, Denis Gosch é impagável e sempre arranca gargalhadas quando entra em cena, especialmente como o rato Iago. Cassiano Fraga é uma engraçadíssima galinha; Letícia Paranhos, como Crista, e depois em diferentes momentos, chama a atenção; Ricardo Zigomático e Fernanda Petit, como os heróis da trama, cumprem perfeitamente seus papéis e encantam aos pequenos da plateia.
O elenco se desdobra em diferentes tipos, mas o trabalho ganha maior plenitude quando todos eles formam o conjunto coreográfico do circo ou do coro. Larissa Sanguiné foi muito feliz nas suas coreografias, e Lúcia Bendatti teve um extraordinário senso de bom humor, que diverte e sensibiliza, por vezes permitindo comentários parodísticos que os adultos entendem, mais que as crianças, mas que não truncam a comunicabilidade com os pequenos e garantem um diálogo mais direto com os maiores.
O uso do play back para a trilha sonora é uma medida de precaução, mas quase desnecessária: todo o elenco canta bem, dança bem e mantém excelente dicção, o que torna todo o espetáculo audível e totalmente compreensível.
A peça ultrapassa a hora cheia convencional de duração. Mas não por isso, e sim por desnecessário, acho que
Marcelo Adams deve rever em seguida seu texto. Ele refere a tradição dos desenhos animados de Disney em torno de personagens-cães, e de certo modo acaba caindo na armadilha, sem necessidade. Toda a sequência em que Malandro vai em busca de Lady e termina salvando a criança no berço, quando a mesma vai ser atacada pelo rato Bóris, é absolutamente artificiosa, não reflete no conjunto do enredo e evidencia uma referência gratuita ao filme “A dama e o vagabundo”, que desmerece a qualidade de tudo o mais que o texto realiza. Além de tudo, o corte desta passagem por certo vai colocar a encenação dentro do tempo normal do espetáculo para crianças, repito, sem qualquer prejuízo para a obra, pelo contrário, valorizando-a, porque lhe dá maior unidade. Basta um pequeno acerto que permita encaminhar a questão dos ferimentos de Malandro, se for o caso.
No mais, trata-se de um desses bons momentos do teatro gaúcho e do teatro dirigido às crianças. Mostra, uma vez mais, a seriedade e a competência de Marcelo Adams e a boa compreensão do que seja teatro, por parte de Lúcia Bendatti.
Além disso, Marcelo, é bom esclarecer ao Hohlfeldt que o elenco não usa playback. Aliás, as aulas com a Simone Rasslan foram deveras árduas, pelo menos prá mim, que não sou cantor. Ah, e o rato que ataca o berço é o "Iago" e não o "Bóris"...
ResponderExcluirPois é, não entendi o que o Hohlfeldt entende por play back. Se ele afirma que todo o elenco canta bem, como é possível fazer isso com vozes pré-gravadas?
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