Um longa metragem brasileiro com jeito de filme do mundo, assim é Os famosos e os duendes da morte, estreia em longas do cineasta paulista Esmir Filho, que ainda não completou 30 anos e já mostra uma maturidade fílmica e uma sensibilidade estupendas. Esmir rodou seu filme no interior do Rio Grande do Sul, com elenco gaúcho, obtendo um resultado estranhíssimo, e por isso mesmo perturbadoramente belo. Lembra o cinema de Gus van Sant (Elefante e Paranoid park), e tantos outros exemplares de histórias que falam de adolescentes desesperançados e entediados com o desenrolar sem novidades de suas existências, em um lugar em que pouca coisa acontece: apenas a Festa Junina anual e os sucessivos suícídios dos moradores, que se jogam da ponte de ferro da cidade, para encerrar a angústia nas águas do rio que corre, interminável.
Um filme brumoso, cheio de silêncios e, paradoxalmente, repleto de sonoridades surpreendentes. O elenco, excelente, esbanja naturalidade, e mesmo os adolescentes, que são em maior número no filme, mostram pleno domínio. Destaques para Áurea Baptista, que interpreta a mãe do protagonista, e para Henrique Larré, preciso e comovente como o protagonista. O filme é baseado no livro homônimo de Ismael Caneppele, que atua no filme no papel de um misterioso jovem envolvido com alguns acontecimentos-chave da história.
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