No próximo dia 4 de novembro estreará o novo espetáculo dirigido pelo meu amigo e colega de teatro Luciano Alabarse. Desta vez, adaptando o romance homônimo de Philip Roth, Luciano construiu uma peça menos exuberante do que normalmente tem feito. Com apenas três atores no elenco (contra os vinte usuais), Luciano deve ter centrado sua encenação muito mais no trabalho de atuação e no delicioso texto de Roth.
Em 2007, Luciano dirigiu uma leitura dramática desse mesmo romance, mas com um elenco bem maior (eu, Luiz Paulo, Sandra Dani, Ida Celina, Alexandre Magalhães e Silva, Juarez Fonseca, Simone Buttelli e Luciana Éboli), em um projeto chamado Palavras, palavras, palavras..., que infelizmente não teve prosseguimento. Desta vez, colocando a peça em cena "de verdade", optou por manter apenas o essencial: o protagonista David Kepesh (interpretado por Luiz Paulo Vasconcellos), o filho Kenny (feito pelo Thales de Oliveira) e a amante latina Consuela (atuada pela Luciana Éboli). Há uns meses atrás, antes de iniciar os ensaios, o Luciano me ligou, cheio de dedos, perguntando se eu não me importaria de passar para outro ator o papel do filho Kenny, que eu interpretara na leitura. Eu respondi que obviamente não me importava, mesmo porque eu não poderia assumir esse compromisso, pois estaria em cartaz com A lição durante o mesmo período previsto para a temporada de O animal agonizante. Mais tranquilo, o Luciano me disse que chamaria o Thales para o meu lugar, ao que eu respondi que o Kenny estaria em excelentes mãos. Assim, me sinto de alguma forma fazendo parte desse projeto, ao qual poderei assistir na estreia do dia 4. Só para constar: esse romance de Roth foi adaptado para o cinema em 2008, recebendo o inadequado título de Fatal. Com Ben Kingsley, Penélope Cruz e Peter Sarsgaard, dirigidos por Isabel Coixet, a produção não é inatacável, mas também não pode ser desprezada. Boas atuações do elenco e um roteiro correto fazem do filme um bom aperitivo para o livro ou a peça.
Merda para toda a equipe!
Marcelo Ádams
sábado, 30 de outubro de 2010
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
Um espetáculo recheado de Magritte
Ontem fui assistir, no Teatro Renascença, à pré-estreia (na realidade, conforme disse o diretor Gilberto Icle, um ensaio aberto, já que até o dia 18 de novembro, quando acontecerá a estreia oficial de 5 tempos para a morte, muitas coisas podem ser alteradas e acomodadas na encenação) do novo espetáculo da UTA- Usina do Trabalho do Ator, um dos coletivos mais prestigiados do teatro gaúcho.
Tendo como temática principal a morte, tema espinhoso mas impossível de ser ignorado, a encenação de cerca de 75 minutos, ainda em processo, já mostra a riqueza de imagens construídas pelos atores (Celina Alcântara, Ciça Reckziegel, Dedy Ricardo, Gisela Habeyche e Thiago Pirajira) e coordenadas por Gilberto Icle com assistência de Shirley Rosário.
Uma das coisas que mais chamou a atenção foi a profusão de imagens inspiradas no pintor surrealista belga René Magritte (1898-1967). Os figurinos e a cenografia de Chico Machado citam recorrentemente, com grande adequação, figuras que provocam estranhamento pela beleza algo macabra. Todas as imagens de Magritte que coloquei aqui são citadas no espetáculo. Um trabalho delicado, construído a partir de relatos pessoais dos atores e de improvisações. Linda trilha sonora composta por Flávio Oliveira. Quando estrear definitivamente, vou voltar para rever.
Tendo como temática principal a morte, tema espinhoso mas impossível de ser ignorado, a encenação de cerca de 75 minutos, ainda em processo, já mostra a riqueza de imagens construídas pelos atores (Celina Alcântara, Ciça Reckziegel, Dedy Ricardo, Gisela Habeyche e Thiago Pirajira) e coordenadas por Gilberto Icle com assistência de Shirley Rosário.
Uma das coisas que mais chamou a atenção foi a profusão de imagens inspiradas no pintor surrealista belga René Magritte (1898-1967). Os figurinos e a cenografia de Chico Machado citam recorrentemente, com grande adequação, figuras que provocam estranhamento pela beleza algo macabra. Todas as imagens de Magritte que coloquei aqui são citadas no espetáculo. Um trabalho delicado, construído a partir de relatos pessoais dos atores e de improvisações. Linda trilha sonora composta por Flávio Oliveira. Quando estrear definitivamente, vou voltar para rever.
terça-feira, 26 de outubro de 2010
Yedadeus
No dia 02 de Janeiro de 2011, um senhor idoso se aproxima do Palácio Piratini e fala com o soldado da Guarda:
"Por favor, eu gostaria de entrar e me entrevistar com a Governadora Yeda Crusius"
O soldado olhou para o homem e disse:
"Senhor, a Sra Yeda não é mais governadora e não se encontra aqui desde ontem."
O homem disse:
"Está bem", e se foi.
No dia seguinte, o mesmo homem idoso se aproximou do Piratini e falou
com o mesmo soldado:
"Por favor, eu gostaria de entrar e me entrevistar com a Governadora Yeda"
O soldado novamente disse:
"Senhor, como lhe falei ontem, a Sra Yeda não é mais governadora desde
anteontem."
O homem agradeceu e novamente se foi.
Dia 04 de janeiro ele volta e se aproxima do Palácio Piratini e fala
com o mesmo guarda:
"Por favor, eu gostaria de entrar e me entrevistar com a Governadora Yeda"
O soldado, compreensivelmente irritado, olhou para o homem e disse:
"Senhor, este é o terceiro dia seguido que o senhor vem aqui e pede
para falar com a Sra Yeda. Eu já lhe disse que ela não é mais a
governadora. O senhor não entendeu?"
O homem olha para o soldado e disse:
"Sim, eu compreendi perfeitamente, mas eu AMO ouvir isso!"
O soldado, em posição de sentido, prestou uma vigorosa continência e disse:
"Até amanhã, senhor!!!"
"Por favor, eu gostaria de entrar e me entrevistar com a Governadora Yeda Crusius"
O soldado olhou para o homem e disse:
"Senhor, a Sra Yeda não é mais governadora e não se encontra aqui desde ontem."
O homem disse:
"Está bem", e se foi.
No dia seguinte, o mesmo homem idoso se aproximou do Piratini e falou
com o mesmo soldado:
"Por favor, eu gostaria de entrar e me entrevistar com a Governadora Yeda"
O soldado novamente disse:
"Senhor, como lhe falei ontem, a Sra Yeda não é mais governadora desde
anteontem."
O homem agradeceu e novamente se foi.
Dia 04 de janeiro ele volta e se aproxima do Palácio Piratini e fala
com o mesmo guarda:
"Por favor, eu gostaria de entrar e me entrevistar com a Governadora Yeda"
O soldado, compreensivelmente irritado, olhou para o homem e disse:
"Senhor, este é o terceiro dia seguido que o senhor vem aqui e pede
para falar com a Sra Yeda. Eu já lhe disse que ela não é mais a
governadora. O senhor não entendeu?"
O homem olha para o soldado e disse:
"Sim, eu compreendi perfeitamente, mas eu AMO ouvir isso!"
O soldado, em posição de sentido, prestou uma vigorosa continência e disse:
"Até amanhã, senhor!!!"
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
The cachorro manco show
Está em cartaz, no Teatro Novo do DC Shopping Navegantes, esse espetáculo que vem tendo uma trajetória de sucesso pelos palcos do Brasil. The cachorro manco show é um lindo solo dirigido por Moacir Chaves, com atuação de Leandro Daniel Colombo, um ator de muitos recursos, especialmente cômicos. A peça fala principalmente da exclusão social de um mendigo/cachorro que é manco e por esse motivo sofre preconceitos desde sua chegada ao Brasil, no começo da colonização portuguesa. Sem uma abordagem realista temporal, a saga desse animal falante diverte e proporciona momentos de reflexão ao escancarar algumas das mazelas sociais de nosso país, chegando aos nossos dias. Vale a pena conferir, porque se trata de um trabalho muito bem acabado, ainda que de simples execução.
domingo, 24 de outubro de 2010
Electra
A belezura aí de cima é a Electra, cadela weimaraner da Zoé Degani e da Lindsay Gianoukas. Linda e inteligente, e ainda por cima tem nome de personagem.
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Professores não pagam ingresso em A LIÇÃO
As primeiras apresentações de A LIÇÃO foram sensacionais. A Cia. de Teatro ao Quadrado está exultante com a maneira entusiasmada como foi recebido o espetáculo. E tem mais, sempre sextas, sábados e domingos, às 20 horas, no Teatro de Arena. Avisem aos amigos e conhecidos:
PROFESSORES TÊM ENTRADA FRANCA ÀS SEXTAS-FEIRAS e 50% DE DESCONTO AOS SÁBADOS E DOMINGOS
ESTUDANTES, IDOSOS e CLASSE ARTÍSTICA TÊM 50% DE DESCONTO ÀS SEXTAS, SÁBADOS E DOMINGOS
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Funk intelectual
O pessoal da MTV, capitaneado pelo impagável Marcelo Adnet, tira o maior sarro com um funk cheio de citações intelectuais. Muito bom!
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Ivo Bender no Teatro de Arena
Ontem à noite participei de um encontro promovido pelo Teatro de Arena, para falar sobre dramaturgia. Ivo Bender, Artur José Pinto, Viviane Juguero e eu batemos um papo informal sobre questões que envolvem a escrita para o palco. Mas o melhor da noite foi rever o Ivo, uma pessoa que eu adoro, o maior dramaturgo gaúcho surgido no século XX, e que em pleno século XXI permanece ativo e produzindo com qualidade. No próximo dia 2 de novembro, Ivo Bender vai lançar um volume de contos no Centro Cultural Erico Veríssimo, editado pela L&PM, durante a Feira do Livro de Porto Alegre. Estarei lá presenciando essa estreia auspiciosa na narrativa.
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Mary Poppins e A LIÇÃO
Mary Poppins, um dos maiores musicais da história do cinema, dirigido por Robert Stevenson em 1964, e estrelado por Julie Andrews e Dick Van Dyke, venceu 5 Oscars: Melhor Atriz, Melhores Efeitos Visuais, Melhor Montagem, Melhor Canção (Chim chim cher-ee) e Melhor Trilha Sonora Original. Mary Poppins é mais uma das citações utilizadas em A LIÇÃO.
A Cãofusão- Uma aventura legal pra cachorro
No ano que vem será encenada pela primeira vez a minha peça infantil A CÃOFUSÃO- UMA AVENTURA LEGAL PRA CACHORRO. Escrevi esse texto há uns dez anos, e ele permanecia aguardando uma montagem, apesar do meu empenho e da Lúcia Bendati, que sempre foi louca para vê-lo no palco. Neste ano, resolvemos inscrever o projeto novamente no Fumproarte, e ele foi aprovado. A Lucinha vai dirigir a encenação, que conta com um elenco e uma equipe técnica fabulosos. A CÃOFUSÃO é até agora o meu único texto infantil escrito; normalmente escrevo peças adultas para as oficinas que a Margarida ministra, semestralmente, na Cia. de Arte. Vai ser uma experiência ótima.
A LIÇÃO: primeira semana
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
A LIÇÃO estreia hoje!
Chegou o dia.
A LIÇÃO, o novo espetáculo da CIA. DE TEATRO AO QUADRADO, ocupa o Teatro de Arena até o dia 19 de dezembro. Sejam todos bem-vindos.
Promoção especial:
- ENTRADA FRANCA PARA PROFESSORES, TODAS ÀS SEXTAS-FEIRAS, MEDIANTE COMPROVAÇÃO.
- 50% DE DESCONTO NOS SÁBADOS E DOMINGOS, PARA PROFESSORES, ESTUDANTES, IDOSOS E CLASSE ARTÍSTICA.
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quarta-feira, 13 de outubro de 2010
M- O vampiro de Düsseldorf
Outra das nossas inspirações para A LIÇÃO: o longa expressionista alemão M- O vampiro de Düsseldorf, dirigido por Fritz Lang em 1931.
terça-feira, 12 de outubro de 2010
Violência gratuita
O cineasta austríaco Michael Haneke é um dos meus preferidos. Ele dirigiu Funny games- Violência gratuita duas vezes: na Áustria e depois nos EUA. Quem não viu ainda não perca. O cinema de Haneke é uma das inspirações para nossa montagem de A LIÇÃO, que estreia dia 15 de outubro no Teatro de Arena.
sábado, 9 de outubro de 2010
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Ionesco esteve em Porto Alegre
Sim, o brilhante dramaturgo romeno e pai do Teatro do Absurdo Eugène Ionesco esteve em Porto Alegre há 40 anos, no comecinho dos anos 1970, apresentando-se no Theatro São Pedro. Ele trouxe para nosso mais antigo teatro (antes da reforma promovida pela dona Eva Sopher) a peça As cadeiras. Infelizmente, quase não existem registros de sua passagem por nossa cidade. Mas agora, trazemos Ionesco de volta, com nossa montagem de A LIÇÃO, que estará em cartaz de 15 de outubro a 19 de dezembro no Teatro de Arena. Imperdível!
A foto aí de cima, raríssima, foi tirada durante a passagem de Ionesco pelo Brasil.
A foto aí de cima, raríssima, foi tirada durante a passagem de Ionesco pelo Brasil.
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Memórias edipianas
A personagem mais célebre que já interpretei no teatro, Édipo, em 2008, foi fotografado por Genaro Joner. Eis agumas das doces lembranças daquele espetáculo tão importante na mnha trajetória.
terça-feira, 5 de outubro de 2010
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Alfred Hitchcock e A LIÇÃO
ALFRED HITCHCOCK
Cineasta inglês que se transformou em sinônimo de suspense, Alfred Hitchcock (1899-1980) é o autor de dezenas de filmes em que o crime está em primeiro plano, desenvolvendo histórias onde as personagens são enredadas em teias intrincadas de mistério e motivações obscuras. Fazendo farto uso do humor, Hitchcock converteu-se em um dos autores mais importantes da história do cinema, pela habilidade inigualável em mesclar entretenimento e complexidade psicológica. Diretor de obras-primas como Psicose, Um corpo que cai, Janela indiscreta, Os pássaros, Rebecca, a mulher inesquecível e Intriga internacional, permanece ainda hoje como um exemplo a ser seguido, em tempos de tecnologias engolindo boas tramas. Em nossa encenação de A lição, promovemos o inusitado cruzamento de Hitchcock e Ionesco, quando nos demos conta de que as vítimas, nos filmes do Mestre do Suspense, parecem muitas vezes perdidas dentro de um labirinto de enganos e situações absurdas, dos quais tentam fugir desesperadamente.
Os ignorantes ainda são maioria
As duas maiores votações para deputado federal no Brasil são, em 1º lugar, Tiririca e, em 2º lugar, Anthony Garotinho. Quase não é preciso dizer mais nada. Mas dá uma mistura de pena com revolta saber que a grande maioria dos eleitores do país não têm a menor noção da importância de escolher bem os representantes. Pelo menos duas boas notícias: Yeda não se reelegeu, e Mônica Leal não conseguiu chegar nem perto da Assembleia Legislativa. Espero que a ex-secretária de Cultura vá comemorar as derrotas com "um cineminha e uma pizza depois", ao lado do maridão.
sábado, 2 de outubro de 2010
Eugène Ionesco e A LIÇÃO
EUGÈNE IONESCO
Nasceu na Romênia, em 1909, mas construiu sua carreira como dramaturgo e romancista na França, onde morreu em 1994. Considerado por Martin Esslin – autor do livro referencial O Teatro do Absurdo (1961) – como o autor da primeira peça do movimento homônimo (A cantora careca de 1950), Ionesco teve uma produção vasta e mundialmente conhecida. Admirador desde a infância do teatro de marionetes, encontrou no palco um lugar privilegiado para discutir as questões metafísicas que sempre o inquietaram. Foi professor de francês, ainda na Romênia e, uma vez estabelecido definitivamente em Paris, travou contato com André Breton e Luís Buñuel e suas ideias surrealistas, o que pode ser detectado em sua obra. Eugène Ionesco foi um dos seguidores da doutrina da patafísica, criada pelo dramaturgo Alfred Jarry em 1907, definida como “a ciência das soluções imaginárias e das leis que regulam as exceções”, e que se expressa através de uma linguagem nonsense, resultando em um modo pessoal e anárquico de explicar o absurdo da existência. Entre as peças mais conhecidas de Ionesco estão O rinoceronte, As cadeiras, Vítimas do dever e Jacques ou a submissão. Ionesco preferia que suas peças fossem chamadas de “insólitas” em vez de absurdas, e resumia assim a visão de mundo que defendia: “para um texto burlesco, uma interpretação dramática; para um texto dramático, uma interpretação burlesca’’.
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