Como estamos em Porto Alegre durante o Carnaval, ensaiando para a estreia de Mães e sogras, no dia 2 de abril, sobra o cinema para nos tirar um pouco do processo e relaxar um pouco. Assisti Preciosa, um dos filmes bem cotados para a entrega do Oscar, dia 7 de março.
A produção é de baixo orçamento, o que não desmerece em nada o valor do filme, uma história muito bem contada, que narra o périplo de uma adolescente pobre, negra e obesa, nos EUA de 1987. Baseada em fatos reais, a trama mostra a trajetória de Claireece Precious Jones (Gabourey Sidibe), a partir dos 16 anos de idade, abusada sexualmente pelo pai - de quem tem dois filhos, um deles com Síndrome de Down - e maltratada pela mãe, interpretada soberbamente pela atriz de TV americana Mo'Nique, e que provavelmente será a vencedora do Oscar de Melhor atriz coadjuvante.
O filme mostra, cruamente, o cotidiano de Precious, sua conturbada e violenta relação com a mãe, as dificuldades que enfrenta na escola (não consegue ler, com a idade que tem), além das humilhações sofridas pela sua condição física. Sem cair no pieguismo, mas emocionando em momentos certeiros, o filme tem uma narrativa que entremeia a batida mais clássica (plano, contra-plano, sequências lineares), com algumas intervenções mais experimentais, onde entramos dentro da mente da protagonista, nos momentos de maior angústia, flagrando a imagem que ela tem de si própria - como uma mulher famosa, em alguns momentos, ou, em outros, como uma bela jovem magra, branca e loura.
Além das virtudes fílmicas do filme, deve-se ressaltar que, pela primeira vez, desde 1927, um diretor de cinema negro está sendo indicado ao Oscar de Melhor diretor. Esse feito foi alcançado pelo iniciante Lee Daniels, e o coloca à frente inclusive de Spike Lee (o mais importante cineasta negro norte-americano), que jamais recebeu a mesma indicação.
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