Desde pequeno fui um assíduo leitor de literatura policial, e se atualmente não tenho me dedicado tanto a esse gênero, é porque encontrei outros autores e gêneros que me são mais atrativos. No entanto, sempre há espaço para se deleitar com a inventividade de autores como Rubem Fonseca, que é nosso maior autor policial (já mencionei que me dedico a ler toda a obra dele: atualmente finalizo Mandrake: a Bíblia e a bengala, de 1995).
Agatha Christie, autora de quase 90 romances policiais, inclusive tendo escrito algumas peças de teatro, foi minha experiência inicial na literatura de mistério. Uma curiosidade é que sua peça A ratoeira é a que permanece há mais tempo em cartaz em toda a história, ininterruptamente: desde 1952 está no mesmo Teatro St. Martin, em Londres.
Durante minha pré-adolescência, adquiri toda a obra dessa fantástica inglesa, lendo pelo menos duas vezes cada uma de suas histórias, protagonizadas por detetives como Hercule Poirot, Miss Marple, Tommy e Tuppence Beresford e outros. Passei para autores como Arthur Conan Doyle (criador de Sherlock Holmes e do Dr. Watson), Edgar Allan Poe, P. D. James, Dashiell Hammett, Ed McBain, Georges Simenon, E. C. Bentley, Raymond Chandler e certamente vários outros.
O filme Sherlock Holmes, de 2009, dirigido pelo ex-marido de Madonna, o inglês Guy Ritchie, revivifica esse ícone da literatura em um filme ambientado, sim, na Inglaterra do século XIX, mas com os recursos e o descolamento do século XXI. Robert Downey Jr. e Jude Law interpretam, brilhantemente, o detetive e o médico de Doyle, com um entrosamento e um charme que não deixam dúvidas: outros filmes virão, porque é inesgotável a capacidade que o mistério tem de fascinar os espectadores.
O filme é altamente recomendado para quem gosta de aventura e humor em doses certas, e torce o nariz para bobagens como Velozes e furiosos, A hora do rush e qualquer outro filmeco dessa linha, ou dessas adaptações caça-níqueis de HQ's, sempre iludindo os fãs com a promessa não cumprida de proporcionar as mesmas emoções encontradas nas revistinhas.
Para comprovar de vez minha inclinação ao romance policial, basta dizer que no ano passado, quando compunha o personagem Sócrates, na peça Górgias ou Discurso sobre a retórica, em vez de agarrar-me às descrições de Platão, me inspirei na figura do detetive belga Hercule Poirot, criado por Agatha Christie, para concretizar cenicamente o genial filósofo grego. Não é a maiêutica (método filosófico desenvolvido por Sócrates) uma investigação sobre a alma humana, afinal de contas?
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