Marcelo Ádams

Marcelo Ádams

sábado, 21 de maio de 2016

IVO BENDER: BIBLIOGRAFIA

Para comemorar os 80 anos de vida de Ivo Bender, completados no dia 23 de maio de 2016, coloco aqui as capas de todos os livros publicados por ele, tanto as obras teóricas quanto as de ficção, incluindo os volumes em que traduziu Racine e Emily Dickinson. Os livros se encontram atualmente fora de catálogo, o que não é de se estranhar, infelizmente, já que o mercado editorial brasileiro não tem interesse em obras como a que Ivo construiu. Alguns dos títulos abaixo relacionados são realmente raros, desaparecidos até mesmo dos sebos. Afortunadamente, tenho em minha biblioteca todos eles.

 

sexta-feira, 13 de maio de 2016

IVO BENDER COMPLETA 80 ANOS

No próximo dia 23 de maio, Ivo Cláudio Bender completará 80 anos de idade. Indubitavelmente o mais importante dramaturgo que o Rio Grande do Sul já produziu, Ivo tem, nos últimos anos, investido em outra forma literária: a do conto, que já rendeu dois volumes de delicadas e precisas narrativas, Contos (2010) e Quebrantos e sortilégios (2015). Inegável, no entanto, é a constatação de que mesmo na narrativa curta é vislumbrado o estilo que o notabilizou no drama: a objetividade, até mesmo secura, com que descreve ações e caracteriza personagens. Secura, seja dito, suculenta, ainda que paradoxal essa imagem. O sumo que corre sob as tramas de Ivo Bender carrega alternadamente o ferruginoso do sangue, a repugnância do fel, a salinidade da lágrima que nasce do choro ou do riso.
Tomei conhecimento da obra dramatúrgica de Ivo Bender no final dos anos 1990, quando ingressei como aluno no curso de Artes Cênicas da UFRGS. Lá no Departamento de Arte Dramática, que já abrigara o Ivo aluno e posteriormente o Ivo professor, li a Trilogia perversa, que ele publicara em 1988. Não foi uma recomendação de nenhum professor, mas curiosidade apenas do "rato de biblioteca" que sempre fui (e, por sorte, continuo sendo). Naquele início de faculdade, li também pela primeira vez tragédias gregas clássicas: a comparação entre as obras de Eurípides e Sófocles com as transposições efetuadas por Ivo para o ambiente sul-rio-grandense me fascinou e resultou em um envolvimento com sua obra que continua durando. Recordo, no entanto, que o primeiro texto de Ivo que vi encenado foi a "comédia pampeira" O boi dos chifres de ouro, que Camilo de Lélis montou em 1998 com elenco composto por Carlos Azevedo, Lígia Rigo, Renata de Lélis, Paulo Gaiger, Raquel Pilger e Stela Bento, entre outros.
Em 2000, fui convidado por Decio Antunes para atuar em As núpcias de Teodora- 1874, texto central da Trilogia Perversa de Ivo Bender, que nesta obra dialogava de perto com a tragédia de Eurípides Ifigênia em Áulis:
 
Na foto, com Lisandro Bellotto, em 2000

Depois, em 2002, a parte final da trilogia, batizada como A ronda do lobo- 1826 (título este sugerido por mim, e que foi aceito por Decio, o encenador, e por Ivo, o que muito me honra):
 Na foto, com Giselle Cecchini, em 2002

Além dessas duas encenações inesquecíveis, que pela primeira vez trouxeram ao palco as obras-primas de Ivo Bender, atuei em, ou dirigi as leituras dramáticas de peças como As cartas marcadas ou os assassinos, Quem roubou meu anabela?, Casinha pequenina, Crime na biblioteca e, em agosto de 2006, na primeira leitura pública do até este momento inédito e mais recente texto dramático de Ivo, Diálogos espectrais- Conversando com Emily Dickinson, em que fui dirigido pelo próprio autor em apresentação no Instituto Estadual do Livro, ao lado de Luiz Paulo Vasconcellos e Giselle Cecchini.
Na foto, com Margarida Peixoto em As cartas marcadas ou os assassinos, de 2003
  
Anos depois do meu primeiro contato com a escrita de Ivo Bender, é uma satisfação vê-lo produtivo, dando um novo rumo ao seu incrível talento literário, ainda que me ressinta da falta de novos textos para o palco (que Ivo assegura que não mais produzirá, infelizmente). Continuo fascinado por seus textos, e foi a partir dessa vontade de conhecê-los cada vez mais que produzi e publiquei artigos em jornais e revistas, uma dissertação de mestrado em Letras (intitulada O papel do palco e o palco de papel- Trilogia perversa), uma pesquisa financiada pelo Fumproarte em seu Concurso Décio Freitas, em que escrevi o ensaio inédito Pondo os pingos nos Ivos, no qual analiso a obra dramática completa de Ivo Bender, formada por 36 títulos, e finalmente, participações em eventos que tematizam sua obra.
Na foto, Ivo conosco em leitura dramática de As cartas marcadas ou os assassinos, em 2010

Na foto, Ivo conosco em leitura dramática de Quem roubou meu anabela?, em 2011 

Para quem quiser conhecer um pouco mais sobre a vida e a obra de Ivo, pode acessar esse link que conduz ao verbete que escrevi há alguns para a Enciclopédia Itaú Cultural:
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa427925/ivo-bender