Marcelo Ádams

Marcelo Ádams

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Mother- A busca pela verdade

O sul-coreano Joon-ho Bong já havia dirigido, em 2006, o desconcertante filme O hospedeiro. Naquela produção - que mostrava a capital Seul atacada por um monstro gigante, nos moldes de Godzilla -, apesar da aparência superficial de um filme trash, escondia-se por trás da trama (cheia de impressionantes efeitos visuais) uma narrativa que passava pelo drama, pela comédia, pelo suspense de alta categoria.
Agora, Bong volta com Mother- A busca pela verdade (Madeo), de 2009, outro filme não facilmente encapsulado dentro de um único gênero. Ainda assim, dá para defini-lo como um drama de suspense, em sua maior parte.
O périplo da mãe de um jovem com retardo mental, acusado do assassinato de uma garota, e que se diz inocente, é o que conduz a trama por suas reviravoltas, sempre acompanhando a obstinada mulher, que é capaz de tudo para livrar o filho da cadeia.
É muito oportuno assistir a esse filme, que mostra o amor incondicional de uma mãe por seu filho, no momento em que dirijo Mães & Sogras, justamente tratando de uma mãe judia à espera de seu amado rebento. Recomendadíssimo para quem gosta de bom cinema.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

As mães de Lasar Segall

O artista plástico lituano Lasar Segall (1891-1957) naturalizou-se brasileiro, passando a viver no país para o qual imigrou em 1923. Em sua terra natal já era reconhecido, porém foi apenas aqui, nos trópicos, que o pintor e escultor alcançou o máximo de seu potencial. Conforme suas próprias palavras, no Brasil ele conheceu "o milagre da luz e da cor". De família judia, Lasar Segall casou-se com Jenny Klabin (depois conhecida como Jenny Klabin Segall), a tradutora responsável por algumas das mais primorosas versões de Molière para o português, com várias de suas transcriações publicadas e em catálogo atualmente).
Segall tem uma série de pinturas chamada "Maternidades", e que fará parte do projeto gráfico de Mães & Sogras. Duas coincidências me levaram a associar Segall e a nova peça da Cia. de Teatro ao Quadrado: a ascendência judaica do artista e sua produção, significativa, em que aborda a maternidade e a relação com os filhos. Nada mais natural que esse grande artista fosse por nós homenageado.
Abaixo duas amostras do traço de Segall.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Mãe & Panda

A Panda Filmes, uma das mais prestigiadas produtoras do RS, também é  parceira de Mães & Sogras. Através da valiosa colaboração de Beto Rodrigues, um dos donos da Panda, e de Luini Nerva, produtora talentosíssima, e filha de um dos diretores de teatro que marcaram a minha trajetória, Decio Antunes, vamos produzir imagens para a divulgação do espetáculo.
A Panda Filmes se dedica à produção, distribuição e divulgação cinematográfica desde 2002. Sediada em Porto Alegre/RS, mantém fortes parcerias com produtoras latino-americanas, com quem desenvolve trabalhos de produção e co-produção de filmes. Uma das grandes apostas de 2010 é o lançamento do longa-metragem uruguaio Réus, uma parceria com a Sueko Films que está em fase de montagem. O trabalho foi o primeiro a receber todos os incentivos financeiros uruguaios: Fundo Nacional de Fomento Audiovisual do Uruguai (FONA), em 2006; programa Ibermedia, em 2008; e Lei do Cinema Nacional Uruguaio. A partir de março deste ano a equipe da Panda começa a filmar A Casa Elétrica, do diretor Gustavo Fogaça. Ainda em 2010, estão previstos os lançamentos dos filmes Insônia, co-produzido com Arte Lux Produções (PR), Okna (RS) e Americine (Argentina); A Despedida, em parceria com a B. Yardem Producciones (Uruguai); e A Velha dos Fundos, do diretor Pablo Jose Meza, realizado em conjunto com a Cinematres (Argentina).
A empresa também atua na área de distribuição de filmes. Tem no currículo lançamentos como o recém premiado Sem Fio, de Tiaraju Aronovich, vencedor do Prêmio de Excelência em Cinematografia Canada International Film Festival 2010. Também os argentinos Herencia, Conversando com Mamãe, Buenos Aires 100 km, Fundo do Mar, O Ultimo Bandoneón, Sofá-Cama, Las Manos, e o longa-metragem de animação nacional Brichos. Além de produzir a Panda ainda divulga e promove o cinema. O ano de 2010 está marcado pela sexta edição do Festival de Verão do RS de Cinema Internacional e a VII Seleção de Filmes Bourbon, eventos já consolidados junto ao público gaúcho e no mercado audiovisual.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Mães & Sogras no Theatro São Pedro

Mães & Sogras estreará no maravilhoso Theatro São Pedro! Dias 2, 3 e 4 de abril, faremos as apresentações iniciais dessa tragicomédia musical, com texto de Leandro Sarmatz.
A Cia. de Teatro ao Quadrado está muito feliz por ter como palco um dos mais importantes locais de espetáculo do Brasil, coordenado pela incansável Eva Sopher, e com uma equipe de primeira, com destaque para Valência Losada.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

A fita branca

Na edição de hoje da Zero Hora, Luís Augusto Fischer escreveu uma crônica sobre o filme A fita branca, produção austríaca de 2009, dirigida por Michael Haneke, e vencedora da Palma de Ouro em Cannes. O Fischer não gostou muito do filme, e lista uma série de motivos para isso, chegando a sugerir que não fica clara a tese de que a violência, quando faz parte da criação de uma criança, interfere em sua formação.
O filme tem lugar entre os anos de 1913 e 1914, pouco antes da Primeira Guerra Mundial, e acompanha o dia a dia de uma pequena aldeia austríaca, que vive à maneira feudal, ou seja, uma série de empregados trabalham fundamentalmente na propriedade do nobre da região - neste caso, um Barão. Quando estranhos acidentes começam a acontecer, sem que se saibam as causas e igualmente sem testemunhas, nós, os espectadores, começamos a imaginar que algo se move debaixo da capa de estabilidade e felicidade rural.
É um filme extremamente duro em sua narrativa, que expõe as maiores atrocidades de forma quase distante - o que só nos traz mais perto da força do filme. Sem ser um documentário, Haneke filma com imparcialidade e extrema beleza plástica as crueldades, maldades e intransigências dos habitantes da aldeia. O tratamento imposto pelos adultos às crianças é impressionante, com absoluta ausência de afeto. A tese que o diretor nos faz deglutir é a de que aquele tratamento militarizado teria sido uma das razões para o surgimento do nazismo na Alemanha e na Áustria. A impiedosidade das ações, a ordem colocada acima dos sentimentos, seriam características desse povo germânico, que depois ficaria hipnotizado pela figura de Hitler e suas intenções de limpeza e dominação do mundo.
Haneke é sem dúvida um dos diretores mais importantes do cinema contemporâneo, e seus filmes são sempre obras-primas que nos deixam estarrecidos. Funny games, A professora de piano, Caché, Código desconhecido são alguns de seus surpreendentes filmes. A fita branca é um cinema superior, inesquecível, rigoroso, perfeito tecnicamente, imperdível. Os atores são todos irrepreensíveis, com destaque para as crianças.

Chéri

O diretor de cinema inglês Stephen Frears sempre foi um provocador, e entre seus filmes encontram-se algumas das produções mais interessantes das últimas décadas. Só para citar os meus preferidos: Minha adorável lavanderia (My beautiful laundrette, 1985), Ligações perigosas (Dangerous liaisons, 1988), Os imorais (The grifters, 1989), Herói por acidente (Hero, 1992), O segredo de Mary Reilly (Mary Reilly, 1996) e A rainha (The queen, 2006). Sua mais nova direção, Chéri (2009), que tem como protagonista a linda Michelle Pfeiffer, contando também com Kathy Bates no elenco, é a adaptação de dois romances da escritora francesa Colette (1873-1954), mais conhecida por ter escrito o livro Gigi, que daria origem ao musical de mesmo nome, dirigido por Vincente Minelli em 1958, e vencedor de 9 Oscar, inclusive Melhor filme.
A história do filme Chéri é a de uma cortesã parisiense na casa dos quarenta anos, Lea de Lonval, no início do século XX, interpretada por Michelle Pfeiffer, que mantém seu elevado estilo de vida através de amantes que a presenteiam com ricos agrados, mas também por seu tino para os negócios (Lea investe em petróleo, em uma época onde isso era absolutamente raro - para mulheres). Incumbida de apacentar a tormentosa vida do jovem Chéri, de 19 anos, que entrega-se a uma existência libidinosa e desregrada, pela mãe (Kathy Bates), uma ex-cortesã, Lea hospeda o jovem em uma residência no interior francês, junto de si, tornando-se, pelos próximos seis anos, amante do belo rapaz.
O conflito do filme surge quando, após esse período, a mãe do rapaz decide casá-lo com uma moça de dezoito anos, contra sua vontade. Chéri submete-se ao casamento, sob a aprovação de Lea, que, no entanto, após ver o ex-amante casado, descobre, surpresa, que apaixonara-se por ele, e passa a sofrer terrivelmente de amor.
A grande diferença de idade entre Lea e Chéri é uma das questões que Stephen Frears discute, com muita elegância, mostrando em alguns momentos a vazia frivolidade que marcava a vida das personagens, envolvidas em festas, recepções e noitadas no Maxim's, a mais notória casa noturna da época. (Nota: A opereta A viúva alegre, escrita pelo austríaco Franz Lehár em 1905, da qual participei de uma montagem, em 2004, na PUCRS, tinha como um de seus principais cenários justamente o Maxim's). O filme aborda esse amor, que depois mostra-se recíproco, para, na conclusão da história, tornar-se amargo.
Quem assistiu à obra-prima Ligações perigosas, que Frears dirigiu há 22 anos, certamente fará associações entre os dois filmes, que guardam algumas semelhanças: a cidade em que são ambientados (Paris); a profissão da protagonista (está certo que a Marquesa Merteuil, interpretada por Glenn Close, não era exatamente uma cortesã, mas uma aristocrata; porém, mude-se a classe social de aristocracia para burguesia e a função será a mesma); a busca pelo amor e a belíssima cena final, que é praticamente refilmada por Frears: se na produção de 1988 víamos Merteuil em frente a um espelho, titrando a maquiagem, enquanto a dor tomava conta de sua face, em Chéri vemos Lea em frente a um espelho também, observando o tempo que passou por ela, a idade que começa a lhe pesar.
Apesar do novo filme não ser o melhor de sua prolífica carreira, há vários pontos que podem ser identificados que remetem à sua melhor filmografia. Destaque para a linda direção de arte, e os luxuosos figurinos.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Preciosa

Como estamos em Porto Alegre durante o Carnaval, ensaiando para a estreia de Mães e sogras, no dia 2 de abril, sobra o cinema para nos tirar um pouco do processo e relaxar um pouco. Assisti Preciosa, um dos filmes bem cotados para a entrega do Oscar, dia 7 de março.
A produção é de baixo orçamento, o que não desmerece em nada o valor do filme, uma história muito bem contada, que narra o périplo de uma adolescente pobre, negra e obesa, nos EUA de 1987. Baseada em fatos reais, a trama mostra a trajetória de Claireece Precious Jones (Gabourey Sidibe), a partir dos 16 anos de idade, abusada sexualmente pelo pai - de quem tem dois filhos, um deles com Síndrome de Down - e maltratada pela mãe, interpretada soberbamente pela atriz de TV americana Mo'Nique, e que provavelmente será a vencedora do Oscar de Melhor atriz coadjuvante.
O filme mostra, cruamente, o cotidiano de Precious, sua conturbada e violenta relação com a mãe, as dificuldades que enfrenta na escola (não consegue ler, com a idade que tem), além das humilhações sofridas pela sua condição física. Sem cair no pieguismo, mas emocionando em momentos certeiros, o filme tem uma narrativa que entremeia a batida mais clássica (plano, contra-plano, sequências lineares), com algumas intervenções mais experimentais, onde entramos dentro da mente da protagonista, nos momentos de maior angústia, flagrando a imagem que ela tem de si própria - como uma mulher famosa, em alguns momentos, ou, em outros, como uma bela jovem magra, branca e loura.
Além das virtudes fílmicas do filme, deve-se ressaltar que, pela primeira vez, desde 1927, um diretor de cinema negro está sendo indicado ao Oscar de Melhor diretor. Esse feito foi alcançado pelo iniciante Lee Daniels, e o coloca à frente inclusive de Spike Lee (o mais importante cineasta negro norte-americano), que jamais recebeu a mesma indicação.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Bebê Baumgarten divulga Mães & Sogras

Outra fera está com a gente, sendo a responsável pela divulgação do novo trabalho da Cia. de Teatro ao Quadrado. Bebê Baumgarten tem uma extensa folha corrida prestada à cultura local, e certamente nos dará muitas oportunidades para divulgar Mães & Sogras da maneira mais ampla possível. Bebê, bem vinda!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Carlota Albuquerque em Mães & Sogras


Mais uma aquisição para nossa montagem de Mães & Sogras:
Carlota Albuquerque, a grande coréografa e fundadora do Terpsí Teatro e Dança, a mais importante companhia em seu estilo do Rio Grande do Sul, vem engrossar nossas fileiras, para criar as coreografias do espetáculo. Vem, Carlota, entrar nessa ciranda com a gente!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O médico cantor

Mais uma foto clicada pelo Lutti Pereira. Arrasando no Carinhoso!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Lutti Pereira foi ao médico


O Lutti Pereira foi assistir O médico à força. Uma foto dele é esta. Valeu Lutti!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Os males do tabaco hoje no Santander Cultural

Encerrando o projeto de leituras dramáticas de algumas das peças mais conhecidas do dramaturgo e contista russo Anton Tchecov (1860-1904), apresentaremos hoje uma de suas mais deliciosas comédias curtas, Os males do tabaco. A direção será de Margarida Leoni Peixoto, e eu interpretarei Niúkhin, um homem que tem como incumbência proferir uma palestra sobre os malefícios do fumo, ao mesmo tempo em que revela toda sua frustração com a vida que leva, dominado pela mulher, uma megera que o obriga a trabalhar exaustivamente. É hoje, às 19h, no Santander Cultural, com ENTRADA FRANCA. Ar condicionado e diversão!

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Goela abaixo: 5 anos de sucesso

De todos os espetáculos da Cia. de Teatro ao Quadrado,
Goela abaixo ou Por que tu não bebes? é o que permanece há mais tempo em cartaz. Nesses 5 anos de apresentações (já perdemos as contas de quantas vezes fizemos a peça), o público e a crítica foram muito generosos, encontrando méritos muito grandes no espetáculo, que é simples em sua produção, porém, acredito, bastante profundo em suas ideias e execução.
Com texto do tcheco Vaclav Havel, direção minha, e tendo no elenco Margarida Leoni Peixoto e eu mesmo, a história de um Mestre-cervejeiro que trabalha para o partido comunista, nos anos 1970, e que tenta convencer um empregado intelectual a aderir ao partido, oscila entre o altamente cômico e tocantemente melancólico. O grande diferencial da nossa montagem é que cada espectador, ao entrar no teatro, recebe cerveja para beber durante o espetáculo, ao mesmo tempo em que nós, os atores, enchemos a cara no palco: SIM, nós bebemos cerveja de verdade, o tempo todo, enquanto a peça acontece.
Venha conferir essa peça, que já se tornou cult em Porto Alegre, além de ter viajado pelo interior do RS e para fora do estado.
Segue abaixo a opinião de alguns espectadores qualificados:

"Assistimos a outro trabalho local de fôlego, Goela abaixo (...). O trabalho, assinado por Marcelo Adams e por ele interpretado, ao lado de Margarida Leoni Peixoto, foi um dos momentos altos da temporada. Margarida Leoni Peixoto, que vive o mestre-cervejeiro, está soberba em seu desempenho. (...) Em síntese, eis um trabalho sério, original, oportuno. Preenche lacunas, evidencia o quanto, por vezes, deixamos de estar atualizados em relação ao mundo. Mas, sobretudo, mostra o quanto o teatro pode ser importante para que se discuta a realidade" 
(Antônio Hohlfeldt, Jornal do Comércio)

"É uma disputa kafkiana movida a cerveja, muita cerveja, que o mestre-cervejeiro (Margarida Leoni Peixoto) praticamente empurra goela abaixo de seu subordinado (Marcelo Adams, também o diretor). Com atuação brilhante de Margarida, a ação segue o trajeto de um porre: timidez, euforia e depressão"
(Renato Mendonça, Zero Hora)

"Continuo esse artigo lembrando a beleza e a força de um espetáculo que me entusiasmou. Muito. Mais do que a média. (...) Seco, direto, o espetáculo, desde o início, destila um gosto amargo que cola fundo na imaginação do público.(...) Há uma marca em que os atores trocam de personagem que é simplesmente genial. (...) A interpretação de Margarida é realmente maravilhosa, certamente um dos destaques de interpretação de atriz de 2005. Seu companheiro de cena, Marcelo Adams, também está muito bem. (...) Os dois, Marcelo e Margarida, estabelecem um jogo de tirar o fôlego, uma atmosfera claustrofóbica muito bem construída. (...) Quando voltar em temporada, se você ainda não tiver assistido, inclua como programa teatral obrigatório. O trabalho de Margarida e de Marcelo está há muito a merecer aplausos calorosos. E é muito bom poder terminar, dizendo o que vou escrever: GOELA ABAIXO é realmente imperdível!"
(Luciano Alabarse, Jornal Usina do Porto)

Apenas dias 5, 6 e 7 de fevereiro, às 21 horas, no Teatro de Arena, dentro da programção do Porto Verão Alegre 2010.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O médico à força está de volta

Nos dias 2, 3 e 4 de fevereiro, nosso espetáculo mais premiado até agora, volta a cartaz no Teatro de Câmara Túlio Piva (República, 575), dentro da programação do Porto Verão Alegre, sempre às 21 h. A deliciosa comédia de Molière, escrita em 1666, recebeu da Cia. de Teatro ao Quadrado um  tratamento especial, que homenageia a estética das chanchadas brasileiras da Atlântida, estreladas por figuras como Grande Otelo, Oscarito e Dercy Gonçalves, num clima farsesco e musical.
Recebemos com esse espetáculo os prêmios Açorianos de Melhor Ator (Marcelo Adams) e Melhor Figurino (Rô Cortinhas), o Troféu RBS Cultura de Melhor Espetáculo do Júri Popular e o Troféu Braskem de Melhor Ator (Daniel Colin).
É uma oportunidade de assistir a uma comédia popular de qualidade, que tem o grande mérito de fazer rir de forma honesta, sem apelações e com inteligência.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Arrogância?

Não consigo entender o porquê de alguns trabalhadores das artes cênicas de Porto Alegre se recusarem a assistir a espetáculos de teatro e dança. Atores, diretores, cenógrafos, figurinistas, iluminadores, auto-intitulados profissionais, não têm o menor interesse em conferir o que seus pares estão fazendo, em descobrir em que pé andam as experiências cênicas de nossos artistas. Para mim, que além de artista, sou um apaixonado por teatro, é difícil compreender de que forma esses profissionais se reciclam, de que forma eles criam relações e refletem sobre arte. Não engulo a história de que "o teatro daqui é ruim, é previsível". Isso é preguiça mental, pois se aprende e se reflete vendo também aquilo que ainda não está maduro. E há grandes diretores e atores atuando em nossa cidade, que têm, comprovadamente, um dos teatros mais importantes do país.
Só posso concluir que se trata de arrogância, pura e simples, daquele tipo que impede a apreciação da arte feita pelo outro. Provavelmente esses "profissionais" acham que se bastam como artistas, que as ideias que valem são apenas as que eles têm, restando aos outros a mediocriadade. Esse sim, é um pensamento medíocre e altamente equivocado.
Eu e a Margarida, que dificilmente podemos ser superados em produção (neste 2010, participaremos cada um de quatro espetáculos diferentes, fora as nossas  produções mais antigas, que continuam em cartaz), fazemos questão de conferir quase tudo que nossos colegas estão fazendo, e se não vemos tudo é por estarmos em cartaz simultaneamente. Então, não é razoável a afirmação de que há falta de tempo; há, sim, falta de interesse, porque para passar as noites na beira da calçada, bebendo cerveja, é fácil encontrar tempo, não é?